quinta-feira, janeiro 13, 2011

Ecletismo verborrágico do movimento solar


*(No fim da viagem nos vêm saudar o saldo diário de um crepúsculo... Captei quando voltávamos do recesso)


Por Rafael Belo
Tudo neste mundo falta uma asa... Não se trata de perfeição ou imperfeição, mas sim de uma necessidade de crescer, de girar tortamente para constantemente aprender a voar. É uma paisagem para quem sabe compreendermos a delicadeza da vida, a coletividade ou duplicidade cúmplice necessária para estarmos presentes nos momentos a nos cercar nessa chuva de tempo atemporal torrencialmente em queda tão lá fora a encharcar dentro de nós. Anjos tortos como somos - e bem sabemos também serem os caídos ou demônios da mesma origem – chovemos silenciosamente para Uma onipotência espiritual a nos ouvir.

Pelo meu entender de fé e religião Deus deixou de interferir diretamente na vida dos homens há tempos. Diretamente, não acredito Este ceifar vidas de formas violentas, portanto, a história de os bons morrerem jovens não significa uma precisão divina da criatura pelo criador ou então, deveríamos deixar de acreditar na possibilidade de mudanças, pois quem transformará os mundos se não estiver mais presença física? Acalentamo-nos tão despropositalmente para aplacar a dor a nos afligir devido àquele que se foi, para muitas vezes esquecermo-nos de quão a vida é repentina e passageira.

Neste nosso voar capenga, nossos caminhos são traçados na medida da reflexão do sol se pondo entre as paisagens da estrada. Não consigo deixar de me embasbacar ao ver o espetáculo diário da natureza seja em um crepúsculo ou em um alvorecer fico fascinado com um sorriso de descoberta em toda minha face e não consigo tirar minha atenção daquele momento que ou é um renascimento ou uma morte prematura. Porque quando sol se vai é sinal do encerrar do encortinar de mais um dia, mas temos certeza da manhã seguinte quando este renasce, mas mesmo renascido dos meus raios anteriores eu o vejo como se fosse a primeira vez. Assim, não seria a morte?

Não seriam as horas solares um epitáfio belo e constante do findar com a esperança de um renascer percorrendo o céu de ponta a ponta diariamente? Quem pode responder a isso, além de nós mesmos?! Templos intrincados de carne, alma e sentimentos numa complexidade simples refletida na luz entreposta em nosso olhar... Tão cheios de medos e receios a nos rechear que queremos ornar nossas orações com jóias, grades e concretos para não sairmos do nosso espaço de conforto chamado fantasia e nos depararmos com muitas faces sem respostas... Para deixarmos de sermos adornos humanos não seria necessário nos reconhecermos? Enquanto isso é só olhar para o espetáculo natural de vida e morte a distância de um querer e - quando as nuvens descarregarem – escutar o que a chuva tem a dizer.

Um comentário:

Dora Casado disse...

Rafael. Pois é. Eu penso demais. E sei que penso em coisas que poucos pensam. Isso pode ser ruim, ou não. Isso me faz perceber (assim como você) a importância do amanhecer (sempre único, jamais ele acontecerá de novo daquele jeito e naquele mesmo dia). Eu penso na brevidade da vida.
Um cheiro grande.