quarta-feira, março 16, 2011

Quem sabe sou você e você sou eu

*( Olhando para o quintal , o jardim selvagem olha de volta para mim e até os espinhos são bonitos...Captei no meu quintal...)



por Rafael Belo
Minha mente canta em reprovação pela manhã rápida. O celular toca isolado e ignorado até perder a música. Esta era a música na mente... Distante de todo este acordar de mais uma semana. Por que tenho raiva dos meus erros repetidos? Aliás, por que não tenho?  Perder tempo... É. É por isso! Agora lembro... Enquanto o teto insiste em continuar a rodar, essas lembranças vagas vão virando esta minha memória de ontem até se perderem, olharem para um relógio antigo e desnecessário para decidir não se ‘atrasar’ hoje. Enquanto ainda não têm trânsito e a pressa enrola o desejo de ficar em casa, os motoristas estão pedestres.

Eu estou quarta-feira, não porque seja quarta-feira... Às vezes parecem os objetivos distantes e algo sem sentido transforma-se em rotina... Não é depressão é apenas um momento vazio se arrastando no incerto, mas só vejo o certo à minha frente e ele é tão enfadonho, sem ritmo, sem som, sem gosto... Interação é preciso viver não! Lá fora ainda chove e eu mofando aqui dentro neste corpo parado, catatônico diante das oportunidades. Mecanicamente me levanto para trabalhar e já sei a programação a fazer, todo dia o dia todo... A imagem refletida me olha tão irreconhecível ao meu olhar para ela. Não estou mais presente... Quero saber onde estou?!

Em algumas gotas desta inundação celeste quem sabe. Achava desconhecer o tédio... Na verdade ele é tudo que conheço. Meu suicídio diário resulta em quê, afinal?! Em mais mortes... Qual a diferença de matar a imperfeição da sociedade se ela é a imperfeição?! Apertar o gatilho de novo e de novo e de novo é o meu clichê desta dor surda em meu peito. Assim, simplesmente morro vazio sem alma só um exterminador barato... Sem fôlego para dar um basta ao mundo medíocre de um ser medíocre feito eu... Não importa ter de matar a escória da escória, sempre surge coisa pior...

Creio que o pior sou eu... Não pense na radiografia da minha consciência humana, eu não a possuo... Matar mostra a simples fragilidade da vida... Uma hora você está no celular e na outra não existe mais. Já tive de matar pessoas relativamente inocentes, mas matei porque viver ou morrer não tem tanta distância assim... É a mesma coisa... Como se morre e como se vive também são irrelevantes... Conta o meio de tudo isso e já que o inferno é aqui... Vou atrás de você com este sorrisinho imbecil e conflituoso na boca... Já tive minha conversa com muitos diabos pobres só de alma, mas sei da espreita do verdadeiro da Razão daquele a punir o pecador e a amá-lo pelo pecado por construir sua casa, estamos no território dele.  Aqui é o inferno, o resto é purgatório. Creio este ser meu último momento consciente, minha loucura já me toma. Adeus! Sou coisa e lugar nenhum... Quem sabe você!

3 comentários:

Dora Casado disse...

A vida é efêmera, mas pouca gente se dá conta disso. Parece que inconscientemente tentamos esquecer disso. Aceitar-se, com cada uma das fraquezas que a gente tem, é uma evidência de amadurecimento e de compreensão da vida. A rotina, pra mim é encantadora. Gosto de rotina. Não sou muito fã de mudanças...rs
Um cheiro grande.

Deise Anne disse...

somos movidos pelas ressacas morais, e culpas... o resto é rotina.

beijos, rafa.

olharesdoavesso disse...

não sou nada fã de rotina rs beijso e cheiros grande linda Dora;

Dezinha, é o nosso movimento rs bjs querida.