quinta-feira, março 27, 2014

Do avesso não

Do avesso não


por que falar da minha dor, se tenho a sua para escutar,
toda a primavera distribuir em um única flor,
sorri chorar, como se a mesma emoção fosse

te ouvir me faz soltar, espalhar tinta, grafite, gastar teclados
escrever, reflexos
transformar o individual em coletivo, crescer, dispersos
expressar para cada olhar, o ver de cada um
com cores só vistas por elas e da minha tinta tom algum...

ah, mas não me calo se te dou ouvidos,
pois separados somos indivíduos
guardando a textura do sabor da dor para nossos momentos sentirem o aroma na mão
mas unidos a dor não nos dobra, sobra e derruba o dito inimigo, nosso próprio medo
por isso, falo e te chamo para falar comigo, revele todos seus segredos

faça seu enredo, um síntese no sumário,
conte seus tropeços e reflexão,
caso pensem ao contrário
são reticências, interjeições, pontuações... Mas, do avesso não.


(às 00h19, Rafael Belo, quinta-feira, 27 de março de 2014)

Nenhum comentário: