segunda-feira, abril 07, 2014

Nunca só

Nunca só
por Rafael Belo

Está no sangue, no jeito, na temperatura... Nos traços, nos sorrisos e nos dons. Cantar e tocar é uma exaltação. Alegria e celebração só conquistadas em duas situações: com música e comida. Quando tudo isso acontece em família, então, a satisfação não tem limites. Há uma estranheza quando o resultado de tanta harmonia teve uma forcinha de partida. A partida de um membro amado. Um festeiro comemorando de sua nova caminhada pós-morte o aniversário dele de 68 anos. Isto foi ontem. Mas o Belo da família é este encaixe. Como se cada um fosse uma engrenagem pronta para fazer a máquina funcionar. Juntos tudo fica mais fácil pelo caminho.

Todos de mãos dadas e vozes afinadas celebrando a vida. Comendo e cantando. Lembrando... São laços. Laços estes nunca desfeitos mesmo se a família tiver seus defeitos. Não se acaba com o sangue, não se mente os traços... Pode ser uma nova família começada a dois. Mas as raízes, o passado conta, pesa, nos encontra, pois somos feitos de histórias. Sejam elas más ou ruins. Todos os nossos detalhes nos delatam. Não há como deletar, como não existem maneiras de trazer de volta a palavra pronunciada, a flecha lançada, a oportunidade perdida porque não somos os mesmos, no máximo somos parecidos com os nossos país.

Nem o tempo é igual, quem dirá o espaço. Estes sempre nos servindo de desculpas. Mas comer, comer, cantar, cantar nos aproxima sempre. Não ter vergonha de ser feliz e fazer da tristeza passageira ou a simples oportunidade de ver por outro tipo de olhar complexo, alheio, solidário, empático, avesso, interno porque realmente somos eternos aprendizes. Rios desaguando neste oceano e todo nosso percurso é feito de família e amigos. Claro em ambos é preciso ter fé e acreditar em algo mais. Mas toda a crença precisa começar em si mesmo para ter aconchego, afinidade e intimidade ou nada disso se reflete no outro, nos amigos, na família.

Por isso, os primeiros passos a nos aproximar costumam ser familiares. Ser passos em família. Nossas lembranças sempre nos levam a alguma memória da nossa infância. Há constantemente uma tia, um primo, um avô, uma avó, o pai, a mãe, o irmão, a irmã, o amigo... E cada passo nos leva a pensar. Se somos quem queremos ser ou quem podemos... Mas além destes pensamentos, o principal é: na nossa unidade somos comunidade. Por mais indivíduos, individuais... Precisamos do plural, da pluralidade. E não vivemos assim em busca de somar, de multiplicar? Ainda que nos nossos problemas matemático ficamos sempre com a divisão, com o diminuir e o minimizar... Só podemos pensar:  “Família nunca é um só”.                      

2 comentários:

Anônimo disse...

EScrever e um dom//poucos o expressam tão bem......parabéns.....está tão difícil a ausência de seu pai que chega doer...não sei, a gente sabe que um dia as pessoas se vão....mas sempre pensei que seria eu. Estou me sentindo sobrando em todos os lugares apesar do carinho de todos. Só Deus.Amo vc.

Anônimo disse...

EScrever e um dom//poucos o expressam tão bem......parabéns.....está tão difícil a ausência de seu pai que chega doer...não sei, a gente sabe que um dia as pessoas se vão....mas sempre pensei que seria eu. Estou me sentindo sobrando em todos os lugares apesar do carinho de todos. Só Deus.Amo vc.