domingo, setembro 07, 2014

Augusta coragem (resenha Extraordinário) – por Rafael Belo

Nada nesta vida é ordinário. Tudo bem. Algumas coisas são até demais, mas não chega a ser uma ofensa de verdade, mesmo que 99% das pessoas se sintam ofendidas. Talvez seja culpa do Compadre Washington e seu infame “sabe de nada ordinária”, mas vivemos no limite da linha abaixo deste adjetivo. Nada mais nada menos que comum. Somos fadados ao comum por vivemos lutando para sermos extraordinários.

Pense em uma criança crescendo com uma deficiência facial, acusada por muitos de deformidade. Não um pequeno defeito, mas algo passível de pesadelos e de prender o fôlego por semanas até chegar no limite do costume. Este é August e ele é uma criança extraordinária, aliás Extraordinário é o nome do livro de R.J. Palácio. De uma forma delicada e direta, a autora dá vida a esta criança junto a Summer, Jack Will, Via, Miranda e Justin

Auggie nos cativa pela sua coragem e forma de lidar com os desafios, nos emociona pelo seu humor e força de vontade, mas a perseguição e o bullying nos leva de volta aos primeiros anos escolares como se tivéssemos ao vivo vivendo junto a ele esta maravilhosa história. Uma lição de vida e de literatura que nos faz devorar página após página imaginando o que vem a seguir.

Este é o tipo de leitura cutucando a nossa mesquinhez perante nosso egoísmo, aquela a apontar o tamanho da insignificância dos nossos “problemas” ou o usual “mimimi” de uma maneira envolvente nos levando a torcer pelo personagem para que ele termine bem este desafio de enfrentar o preconceito dos outros, e nos incentiva, personagens da nossa própria história, a escrevê-la com a coragem e força de Auggie na melhor forma de dizer não julgue nada pela aparência.

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