segunda-feira, setembro 22, 2014

Humor – Rafael Belo


No meio de tanta gente, uns silenciosos e outros escondidos atrás do humor, quantos bons e tantos mal-humorados estão atrás de dúbias palavras, à frente de facas de dois gumes, no intuito de testar  intenções? Para bom observador um fragmento de qualquer suspiro basta, mas os olhos estão infectados do vírus da vontade, à vontade para desfilar pelado nos meios sorrisos, nos risos maquiados naquelas fotos postadas a espera de muitas curtidas ou quem sabe um bom comentário.

Ao se expor a desconhecidos e aos amigos veste-se um brilho arrumado para poder ser bem quisto, para relaxar as rugas da preocupação de envelhecer e ser rejeitado, para estas alisarem um pouco. O ser humano aprendeu que ser aplaudido, curtido, compartilhado, comentado, posto no centro do holofote é o sentido da vida vazia como uma droga viciante a base do despertar da cafeína, de uma acordar relativo para assimilar o dia de trabalho.

Onde a disputa para revelar e esconder continua a exaurir um pouco do que resta de sinceridade na dúvida de expressar este pouco jogando no limite das regras do jogo do dia ou sacar o smartphone e contar naquele chato grupo falante do wattsapp vibrando, tocando o tempo todo. Os duplos sentidos ficam sempre no ar e naquilo que nem sequer foi dito porque o motivo de haver uma razão pode simplesmente a exatidão de não tê-la.


Por isso, nos fazemos de adultos com a partes birrentas e carentes das crianças (que nunca deixamos de ser) querendo sempre continuar a brincar de esconde-esconde e de siga o mestre, depois utilizando o humor para dizer sem falar nossos pensamentos e sentimentos reais para, caso incomode, possamos recuar dentro da zona de conforto e dizer “era brincadeira”, ao invés de continuar a ser covardia. Covardia de quem fala sem necessidade e de quem ignora o capuz e aceita a piada. Mas qual é a graça poder rir de tudo e não conseguir ri de si mesmo...?

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