sábado, fevereiro 28, 2015
sexta-feira, fevereiro 27, 2015
Próximo papel, por favor (conto)
por
Rafael Belo
Em vão as
cortinas se fecharam como um raio estourando no vil metal. Fulminante. Figurino
bestial da nudez arrepiada em cada olhar glacial. Não era o esperado pelo
público. Este deixou de ser respeitável há tempos, por isso quem riu fui eu. Logo
depois de cessarem as gargalhadas. Estas subitamente viraram gritos e outras reações
de susto. Valeu o custo? Cada centavo... Imediatamente o alvoroço ia e vinha
feito musgo dominante. Solução hilariante no momento. Quem estava se divertindo
então?!
Foi a solução
para tanto estardalhaço das ilusões lá de fora. A vida já não é e ponto. Como não
rir com pessoas deslizando, escorregando, se atropelando... Plena comoção. O ápice
do teatro. Quero ver quem fica stand-up...
Palavras erradas, entonações erradas, expressões erradas, gestos errados, o
corpo errado... Enfim... O fim da interpretação... Ainda bem que todas as ações
caíram pelo mundo e os preços subiram comprometendo até as próximas cenas do
não escrito.
Afinal
criar bolhas dentro de bolhas dentro de bolhas... É vistoso, artístico,
habilidoso, mas quando estoura a inflação é geral, ou melhor, a inflamação. São
encenações atrás de encenações no meio de encenações no fim de encenações que
se iniciam ao primeiro despertar, mesmo se ainda estiver dormindo. As tais das
intenções sorrateiras, disfarçadas de pãezinhos quentinho da manhã, do aroma
salivante do cafezinho recém passado deixa os desavisados, todos nós, em estado
de eufórica mudança até a noite chegar e o teto nos encarar... Já foi mais um dia.
Próximo
papel, por favor. Saiam todos! Encerrem a cena. Sem direção, ator principal nem
figurante. Vamos criar neste instante. É tudo improvisação. Pode se atentar. O teatro
agora é a realidade e a realidade vai começar um velho novo espetáculo. Ainda vamos
descobrir isso. Ah, vamos! Descobriremos que é preciso tirar qualquer nitidez
para enxergar além do talvez e que a lucidez pode não ser tão lúcida assim. Lá fora
é tudo mentira, a vida é aqui neste palco e parece que o público entendeu os
atos, fez seu teste e vai pedir que não passe de uma trilogia, pois o enredo e
os atores estão tão ruins que assumirão eles mesmos os papéis. Assim que
conseguirem entrar no personagem...
quinta-feira, fevereiro 26, 2015
Torna-te
o
granizo cai nas pessoas de vidro
elas
se estilhaçam antes do tempo previsto
juntam-se
os cacos juntos no palco do improviso,
fecham-se
as cortinas como as nuvens escuras no céu.
mas
o ritmo das geladas gotas golpeando a janela
parece
trincar todo o vidro restante rasgando ruidosamente
o
céu, com cauteloso trovão tão titubeante
seguido
do cegante fulminante farol faiscante do raio
ou
ao contrário.
Só
nós somos páreos...
Mercenários
dos erros cometidos de interpretação.
Para
entender o outro torna-te a ti mesmo então
ou
caia como chuva na cidade em vão.
(Rafael
Belo, às 17h48, quarta-feira, 25 de janeiro de 2015).
quarta-feira, fevereiro 25, 2015
suficiente (miniconto)
por Rafael Belo
Tem horas que é melhor
não falar e elas são quase todas. Mas já está dito não adianta chorar pela
verborragia jorrada. Se era melhor o silêncio? Prefiro não comentar e você
também poderia ter optado por esta... Agora escorregou nesta opinião egoísta e
segregada e fica na ladainha das desculpas? Você tem culpa. Assuma-a. A verdade
é: não ligo. Mas vou manter no
pensamento essa verdade porque se ela a ouvir vai achar outras situações não
presentes e achar também fica na preferência do silêncio. Nem o corpo diz nada.
É a deixa em que tudo se cala.
Sabe nós dois falamos muito,
às vezes, sem dizer coisa alguma. Nem sequer somos um casal. Não há as falas clichês,
nem algo a nos definir. Aliás, a única coisa definida é a palavra definição no
dicionário. Nem sei porque este é o único livro por aqui... Gosto do silêncio e
você... Bem você pensa saber o próprio gosto. Eu não sou arrogante, apenas te
conheço bem.... Eu? Sabe meu gosto por ser misterioso e minha raiva por interpretações
toscas.
Já não sei lidar com
ele mais. Ele me irrita... Agora chove lá fora e eu não consigo sequer chorar. Não
gosto de interpretar, mas me repito muito sem perceber, isto porque é o que a chuva faz comigo. Eu choro...
Lembro bem de antes de nós dois, mas nada decoro. É claro que há nós dois,
certo? Lá está ele ao invés de estar aqui. Pode ser... É podemos nos encaixar
no perfil de dois estranhos ou dois malucos bêbados... Definitivamente somos um porre, aliás dois...
Poderíamos nos beber e
quem sabe nos encontrar. Um no outro ao mesmo tempo, no mesmo palco. Ele me
olha como se estivesse do outro lado deste pensamento, mas porque só olha e
fica lá olhando? Não. Ele me conhece. Podemos ser dois pássaros ou quatro...
Quem sabe o mesmo saltitando... Talvez seja ele meu orgulho... Somos
independentes, mas conseguimos ultrapassar esta deturpada definição. Somos péssimos bons atores, nem sabemos usar
estas máscaras rachadas... Sem marcação, sem cortina, mas com ação... Estou
indo meu bem e lá vem você também... Ah, como o corpo fala. Tagarela. E nós
somos definição suficiente, sem atuação. Esqueça as próximas cenas, direçãoooo.
terça-feira, fevereiro 24, 2015
Lambida na testa
dilacerando
as lâminas esquálidas
a
inutilidade metálica interpreta seu papel de sangue
e
jorra das afiadas línguas uma nova interpretação
a
comoção chora um palco inteiro
e
a bota pisa um futuro rosto inchado
diante
de um levante hortifrutigranjeiro
adiante
novamente o relógio parado
o
paradeiro das lágrimas corre o dia trancado no banheiro [sem porta]
escorrem
todas as cores dos tinteiros, até o sinaleiro se revolta
repetindo
verde amarelo vermelho sem importar a ninguém
levanta
a cabeça quase pra cima, entorta, fragmentos de frestas, muitas sobras, tanto
resta, lambida na testa.
(Rafael
Belo, às 22h26, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015).
segunda-feira, fevereiro 23, 2015
Fragmentos tardios
por Rafael Belo
Vêm se repetindo nossas
escolhas como história mal contada. Uma decoração inexistente de uma festa já sem
sentido de ser comemorada porque já decoramos nossos atos, nossas falas e ...
Nada. Continuamos a achar outros culpados pelos caminhos tomados por nós, pelos
erros que cometemos no palco interpretados por eus imitações. Quem são estes
eus? Temos papéis? Os misturamos? Nossa atuação não parece merecer aplausos,
mas batemos palmas para não chorar dos preços subindo...
Vamos nos partindo em
migalhas e rezando para ninguém comer o nosso pão, já que não o comemos e o
utilizamos para marcar o caminho de volta... Há volta ou precisamos de uma
reviravolta e começar algo novo? Somos fragmentos tardios assistindo ao
telejornal, lendo as webnotícias e nos enchendo de clichês retornando a
pergunta nunca feita em voz alta: como viemos parar aqui?
Não há outra maneira de
pararmos em algum lugar a não ser por nossos próprios passos, mas não sabemos
mais qual é o pé direito. Temos o direito de ficar calados até a água acabar,
até a chuva chegar, até nos deixarmos enganar porque é mais fácil do que
corrigir a coluna torta e seguir fingindo que a corrupção é recente como as
guerras religiosas do outro lado do Atlântico...
Qual o próximo papel a ser
interpretado? Quais as próximas máscaras quebradas no bolso bem na hora da
ação? Somos próximos de nós mesmos ou ignoramos as mesmas cenas passadas diante
dos nossos espelhos ou diante de tantos pedaços despedaçados diretamente nos
nossos rostos enquanto George Orwell nos repete sua visão de futuro rindo dos
nossos braços cruzados: se queres uma
visão do futuro, pense numa bota pisando um rosto humano – para sempre. Então,
o fazemos. Inclinamos a cabeça por entre as frestas que nos impedem de ver e
lambemos nossas feridas ao invés de nos fortalecer.
sábado, fevereiro 21, 2015
Contemplação (Rafael Belo)
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sexta-feira, fevereiro 20, 2015
Aperitivo noturno (miniconto)
por
Rafael Belo
A insônia era um
aperitivo diário. Começava depois das 22h e se não fosse forçada a ir embora
seguia caninamente fiel até a claridade voltar. Um incômodo noturno,
companheira indesejada invadindo a casa, o corpo e se esparramando na sala
enquanto o mundo silenciava e dormia. Parecia a mente quieta, mas eram tantas
camadas que na verdade ela gritava do fim da noite até o fim da madrugada e este
não era o fim. O pior continuava quando clareava.
Havia algo naquele
apartamento novo e com certeza não eram a falta de móveis. Eles estavam ali à
maneira Feng Shui, mas parecia ser tudo impróprio, pois ventava o tempo todo e
haviam... Estranhas sensações... Sabe? Quando o lugar parece não ter ido com
nossa cara? Então... O efeito neles era ao contrário. Ela dormia rápido, ele
não dormia. Ela inventava desculpa, ele já não sabia mais inventar nada para
conseguir dormir...
Mas ele não queria
chateá-la, então omitia. As portas batiam e ele tremia. Vinham os mais variados
sons de cima e de baixo, afinal eles estavam no décimo terceiro andar de
incríveis 26... Era a sexta-feira 13 anterior. Sexta-feira 13 de carnaval. Quanta
folia, ele pensava. Uma semana sem dormir e ele já surtava ou já estava surtado
e não sabia? Ele e olhava para ela cada vez do inexplicável, principalmente
quando a luz do quarto pensava ser flash de câmera de estúdio fotográfico e
insistia e piscar como se tivesse em uma tempestade de areia na noite
congelante do deserto. Ela ainda caída no sono.
Ele era só mais um
louco, mas ninguém sabia. Ela era a sanidade. A verdade era fantasia e a
fantasia era subestimada. Só a noite era realidade e, se havia algo físico
identificando isto, quem nela ficava já sabia quem enlouquecia e quem estava
prestes a enlouquecer. Finalmente o ano novo começava. Era 2015, graças a
Deus... Ela acordava, afinal, ele podia dormir e definitivamente voltar ao
normal. "Ora" ela era o Despertar, "ora" ele era a Insônia, estava na hora de
trocar. O pássaro iria pousar. O equilíbrio do feminino e masculino voltava a
trocar de lugar.
quinta-feira, fevereiro 19, 2015
chão seco
No
chão de folhas secas me camuflava
saltitava
feito passarinho em folia
tirando
folga do restante da passarada
não
precisava das minhas asas para ser o céu
não
perdia os sentidos, os amplificava
onde
tamanho não importava era o próprio arranha-céu
mas
não arranhava nada, só passava
nada
de passinho em passinho passar passarinho
passados
passarão antes de todos que passam
imagino
um corpo sem posses sem passos sem passes
pois
posso passar rapidinho ou deixar o infinito chegar.
(às
00h40, Rafael Belo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015).
quarta-feira, fevereiro 18, 2015
Dois pássaros em um (miniconto)
por Rafael Belo
Chovem cinzas
compulsivas nesta quarta-feira. A beira de um abismo balança, desequilibra,
embaça a vista e engole a cidade de ressaca. Parecer ser inteira, mas é de gole
em gole até a virada. Não há mais desculpas nem nada. Pela primeira vez se
ouviu pouco o “fato” do ano começar depois do carnaval, mas o dizem. Neste dia
pela metade não há verdades. Não há meios e aqui, ela e ele, deixaram de tentar
ser inteiros. No mais alto ponto paulistano, eles jogaram os panos. Vão cumprir
o pacto.
O ato no antigo Mirante
do Vale, na avenida Prestes Maia, hoje chamado de Palácio Waldomiro Zarzur era
o número deles. Eles estavam a 170 metros do chão, prestando atenção e, às
vezes, balançando os pés. Até pensaram no famoso Edifício Itália, mas dois
metros os fizeram mudar de opinião. Além disso, eles eram as sobras da Geração
X. Talvez os únicos vivos a saberem do segundo incêndio mas fatal depois do
histórico ocorrido no Edifício Joelma. O Palácio Zarzor Kogan, primeiro nome do
Mirante, ainda chamuscava neles.
Fizeram suas juras de
Amor e indignação naquele ponto mais alto, mas o tamanho já não era o mesmo. Nos
anos 1970 havia mais andares e eles estavam no último. Não havia terraço na
época. Eles sobreviveram e ninguém vivo mais (talvez) saiba desta história. Estava
queimado na pele o pacto feito por lá e eles cumpririam. Para eles nunca houve
morada fixa, muito menos física. Eles estavam um no outro como as cinzas
lembranças deste dia.
Agora com todos os
panos descendo lentamente naquele vendaval anunciando mais tempestades
brasileiras, eles tremiam. Estavam nus e percorreriam a cidade enquanto a
ressaca ocupava até os policiais mais honestos. Não queriam chorar, a vontade
era apenas provar que a hipocrisia tirava a fantasia e se escancarava novamente
depois do carnaval. E no terraço do mundo deles eram dois pássaros em um. Há muito
estavam voando. Aquelas únicas almas duplas queriam ensinar a voar. Só nas
asas, não haviam penas. Não havia nada que os cobrisse ou escondesse. Não mais.
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terça-feira, fevereiro 17, 2015
Foli(lhe)ando
Foi lá foliar folheou fisicamente
a folia latente dos invisíveis
eram rostos bonitos desaparecidos
nas páginas maquiadas de falsos livros
eram folhas ventadas de um jeito esquisito
fantasiadas de vontades guardadas
ou tudo não passava de seis dias de equívocos
um carnaval embriagado para ser divertido
dividido entre uma folga de si mesmo...
E a perda dos sentidos.
(Rafael Belo, às 13h44, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015).
segunda-feira, fevereiro 16, 2015
Será folia? – por Rafael Belo
Falta luz, falta água, moradia,
transporte digno, preços justos e acessíveis, infraestrutura, vergonha na cara,
sobram impostos, ferida que não sara, e demais tributos no meio do caos
generalizado do nosso Carnaval. Não importa a origem do dinheiro, este bacanal,
o brasileiro precisa extravasar... Necessita do turismo sexual explícito e
velado, para acalmar, afinal para explicar qualquer coisa basta dizer: É
Carnaval.
A maior festa do planeta
como a Copa do Mundo, aproveita, e as Olimpíadas bancadas por todos os
brasileiros, “sem qualquer” prejuízo financeiro, só vantagem aumentando um
pouquinho a malandragem e nossa querida corrupção do dia-a-dia nacional. Por isso,
precisamos da folga, esta velha folia constantemente nova para nossa alegria. Porque
o pão e circo nunca vai acabar...
Aliás, folia é isto. Uma
folga ruidosa, um divertimento, uma brincadeira, farra jocosa? ... Mas, na
beira do precipício é ver a global cobertura carnavalesca, bela sim, criativa
sim, mas a que preço? Ver jornalistas padecerem nas piores perguntas forçadas,
descerem na avenida lotada e “perguntar” para a gente “enfoliada” questões
esvaziadas enquanto os analistas, especialistas se repetem nos profissionais comentários...
Como bêbados inflamados a correr de olhos vendados.
Mas, quem não gosta de
descansar e se divertir? Estar um efêmero ser amado? Não importa o preço, o
porvir. A festa da carne é o fim para um recomeço quando o ano começar. Gostaria
de ser mais nostálgico e recordar com sorriso bobo, mágico dos bailes de
carnaval aos quais meus pais me levavam, dançávamos marchinhas e enredos de
escolas de samba, mas nós, gente bamba, vamos cair no axé, no samba e nos
embebedar porque carnaval, futebol... não
mata, não engorda e não faz mal... Assim a vida é. Será?
domingo, fevereiro 15, 2015
Improvisando (resenha do livro vidas provisórias) por Rafael Belo
É bárbara a forma como
vivemos o paulatino cotidiano neste constante viver provisório. Bárbaro nos
dois sentidos pela liberdade e opressão confusos em seus significados. Provisório
porque assim a nossa vida é, a não ser que pratiquemos boas obras repercutindo
na eternidade, nossa própria Odisseia, nossa própria Divina Comédia. Vidas Provisórias
de Edney Silvestre é um destes ecos para o futuro.
Paulo e Bárbara são
forçados a viver vidas provisórias. Um pela ditadura dos anos 1970 e outra pelo
Governo Collor, em 237 páginas,publicadas pela editora Intrínseca, difíceis de nos largar e nós largarmos elas, com uma narrativa
surpreendente. Um é obrigado familiarmente a sair do país em uma perseguição
nada provisória do Chile à Suécia e outra vai ser empregada de brasileiros nos
Estados Unidos. Vão vivenciar vidas violentamente diferentes e frutos do que
não fizeram. Levados ao limite, órfãos de um Brasil feito de desconfiança e dor nos mostrando a visão do "exilado ilegal".
Lá fora não são eles
mesmos. Não possuem a mesma identidade. Estão em conflito interno. São provisórios
e vivem desta maneira: provisoriamente. Estrangeiros chegam aos países
distantes da realidade que lhes machucou de forma abrupta e têm tudo mudado
constantemente, pois nada é definitivo. São assombrados pelos fantasmas brasileiros
vivos e mortos podendo chegar até elas ou as ignorar. Bárbara e Paulo estão
solitários, mas dificilmente sozinhos.
Nesta solidão que nada, Silvestre nos acolheu
e se mostrou uma revelação fantástica da nossa literatura com uma abrangência
mundial repleta da capacidade de qualquer pessoa se reconhecer em algum momento
naquelas vidas provisórias e, quem sabe, não se identificar improvisando seu
dia-a-dia sobrevivendo longe do desejo de viver, vendo o desejo possível de ser
alcançado, mas preso naquele improviso supostamente temporário.
EXPATRIADOS, separados no tempo e na geografia, Paulo e
Barbara compartilham, além da experiência do exílio, o estranhamento pela perda
de suas identidades, o isolamento e a sensação de interrupção do curso normal
de suas vidas. Diferentes motivos os levam ao estrangeiro. Em 1970, Paulo,
perseguido pela ditadura militar, é preso, torturado e abandonado sem
documentação na fronteira, de onde segue para o Chile e depois para a Suécia.
Barbara, com uma identidade falsa, deixa o país para trás em 1991 — durante o
governo Collor —, fugindo de um rastro de violência, e se instala nos Estados
Unidos como imigrante ilegal.
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