sexta-feira, abril 10, 2015

Injustificável


por Rafael Belo

Clara cerrava calmamente as vistas para o dia clareando subitamente. Bastou um minuto de distração e o trânsito transitava traumaticamente lento porque parado... Bem, fica. Mas, ainda não era tão tarde para quem madruga e apesar de tão cedo as buzinas vazavam frenéticas principalmente das motos sem ética e sem faixa, apenas o bel prazer da liberdade demasiada.

Foi assim que no canto esquerdo da via, praticamente colado à mureta divisora de mãos, que Clara foi claramente presenteada por um motoqueiro porque motociclistas estavam em falta. Apressado e com lotação total, o motoqueiro bateu inusitadamente duas vezes no retrovisor direito do carro precisando lavar de Clara. Tudo, então que clareava, escureceu.

Sem ver e sem ter qualquer motivo, Clara ganhou um prejuízo a poucos metros de uma via expressa. Escureceu o já clareado dia. Clara não via mais nada e olhava impaciente para todo lado. Enlouquecida acelerava, freava e acelerava, girava o volante para ambos os lados, trocava a marcha de primeira para segunda e ponto morto... Inconscientemente ou preventivamente os motoristas abriam caminho indo aos extremos da própria faixa.

Clara não sabia o tamanho do estrago no retrovisor do seu carro, mas estava tão indignada com a atitude do motoqueiro, que nem motoboy era... Bufava, já estava de outra coloração sua branca pele e apesar de raiar mais forte a manhã, voltava a ser escuro para Clara e ela invadiu o espaço aberto para ser touro enfurecido perto da sua vingança, mas sem esperança de capturar ninguém, apenas raiva de não poder fazer nada. Mas, os policiais de trânsito a fizeram encostar logo à frente -enquanto ela pensava onde estavam quando eu precisava - ela foi multada pelo retrovisor quebrado e também seria pelo atrasado injustificável no trabalho.

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