sexta-feira, maio 22, 2015

No outro dia




por Rafael Belo

Em menos de três minutos seis “perdeu, perdeu”, o equivalente a três assaltos. Crimes pequenos à mão armada, porém se comparado a quantidade de pessoas mortas em consequência da ganância de João Honesto, não era nada. Aliás, João Honesto era político de carreira, eleito e reeleito... Há 20 anos... Acompanhou o crescimento da criminalidade fruto daquilo que tirou da educação, reurbanização e saúde... Mas Honesto não imaginava ser roubado, reconhecido e, então, sequestrado.

Nos três minutos criminosos, Honesto viu uma moto estacionar, o motoqueiro descer com uma .38 em punho deixando o veículo ligado, entrando e saindo com um saco de dinheiro. Entre uma coisa e outra roubaram esta moto novinha dele. Ele xingava e reclamava da criminalidade na região. Quando se deu por si havia uma .45 encostada na própria cabeça e lá ia seu roubo suado e sua arma.

Viu uma viatura em ronda bem na hora de sempre. Foi até lá e denunciou o roubo da moto roubada na noite anterior por ele. Não satisfeito queria registrar ocorrência da arma com numeração raspada e do dinheiro assaltado. O policial, solícito, anotava tudo quando o dono da padaria indignado pelo quadragésimo assalto e pela situação política avançou com sua espingarda para o espectador  João Honesto.

O malandro criminoso ao ver a espingarda se jogou na parte traseira da viatura e bateu a porta. O dono da padaria arremessou o político do outro lado batendo a porta e encostou a arma na têmpora direita do policial o mandando ligar rápido e acelerar. Treinado, o policial enrolou e já havia deixado o rádio comunicador aberto para toda a polícia ouvir a ocorrência em andamento. Em poucos segundo esta chegou.


Assustado, o dono da padaria acidentalmente atirou e uma saraivada de balas surgiu em resposta. Não houve sobreviventes... No dia seguinte a notícia estampava todos os jornais: “Emboscada à Honesto termina com quatro mortos”.

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