quarta-feira, dezembro 16, 2015

Tonteando o círculo (miniconto)


Os 25 chegaram e passaram. Há anos... Não que eles não envelhecessem... Os anos se acumulavam como poeira em cidades abandonadas e as marcas da idade vinham fortes e profundas até antes do tempo. Mas, apesar de parecerem parados suas mentes ainda não podiam legalmente votar, dirigir, quanto menos beber. Os dois formavam círculos tão grandes que era possível dar voltas e mais voltas ao redor do mundo. Não estou falando na “necessidade” de embriaguez...

O casal escolhia insistir no acaso em podar a árvore no vaso para nem ele nem ela deixar de ser bonsai. O espaço permaneceria o mesmo por mais que outras amplitudes surgissem. Percepções precisam ser maiores que necessidades.... Quanto maior a percepção menor a necessidade, mas como o contrário acontecia com eles não era possível tocar o crescimento ou sequer fazer um resumo de 140 caracteres.

A infância foi para a Terra do Nunca e ninguém mais viu. Eles não se achavam preparados para terem uma (outra?) criança e seguiam sem saber para onde ir. Os adultos desistiram, jogaram tudo para o alto, partiram... Tudo parou em um ciclo levado pelo vento para o mesmo lugar. Liam e Lila conheciam mais uma ao outro a si mesmos e, no entanto, estavam perdidos, acabavam sempre na mesma situação. Tinham enraizado na pedra....

Cultivado uma plantação nas areias escaldantes do deserto onde, pela lógica e ciência, nada sobreviveria. Porém, teimosia e controle costumam se unir ignorantes em uma hesitante anestesia constantes dos sentidos, ou seja, enquanto houver dinheiro há motivo para resistir. Claro, não queriam discutir, definir quem ficaria com a cadelinha de olhar distante, também não desejavam sair do cômodo, começar tudo de novo, repetir todo o clichê falso das conquistas, se levantar mais uma vez, ter curiosidade, crescer, amadurecer, enfim. Não, um beijo e um “eu te amo” mastigado estava de bom tamanho. Foi o que fizeram e continuam se beijando.

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