por Rafael Belo
A desconhecida sentou-se à mesa do
bar. Estava sozinha sem nenhuma roupa de frio. Eram 23h e o frio beirava a
sensação negativa. Mas ela sorriu um calor só dela. Todas as pessoas a
encaravam e aí sentiam a frieza... Ela lhes devolvia um olhar gélido e nada
mais era necessário. Os olhares, porém, eram de medo. Sabe... Ela passava
aquela sensação de mau presságio. O inverno antártico devolvido por ela fazia
muitos saírem imediatamente do lugar. Nem parecia primavera mais...
Ela é um “falta pouco”... Aquele
momento ainda por vir. Um momento onde todos ficam paralisados e poucos
enfrentam. A desconhecida é um pedaço do
tempo ainda não acontecido. Ali, ela ouvia música e estava imersa em cada
canção. Cantava junto, aplaudia e se encontrava em uma hora só dela: A hora
desconhecida. Todo dia ela fazia o mesmo. Curtia da como se fosse o último
instante de vida. Sempre sozinha e ainda assim, se divertia. Por isso, chamava
mais atenção deixando o som ao vivo, apenas ambiente.
Seu olhar não era frieza. As pessoas
estavam erradas. Não era um olhar vazio e acusador. Era um olhar de desafio. A reação
de ir embora imediatamente sem saber exatamente o porquê no fundo remexia o baú
secreto das não superações de cada um. Assustadas as mentes enviam um alerta de
proteção. A dona do bar não conseguia conversar com a desconhecida. Até um dia.
Ontem as luzes se apagaram por minutos eternos e quando voltou estava mais
clara, mais intensa, mais quente...
Estava lotado o bar. Todos sentados
e bebendo. Quando voltou tudo a iluminar. Vagarosamente, um a um, voltou o
olhar para onde a desconhecida estava há alguns minutos eternos. Não a vira e
foram todos ao mesmo tempo até o lugar, gerando uma leve confusão e tantas
falas ao mesmo tempo. Ninguém ouvia coisa alguma. A música estava totalmente
acústica. A roqueira não quis ligar o som novamente. Mas parou de tocar e chegou
ao lugar da desconhecida. Havia apenas um bilhete:
Todos vocês me conhecem, mas esquecem precisar sempre voltar a me
conhecer. Não tenham medo do desconhecido, das horas desconhecida, da
desconhecida sensação de uma estranha encarando suas entranhas porque a
desconhecida hora futura lhe conhece profundamente, mas por acreditar em um
medo esquizofrênico você nunca virá a saber. Já me conhece, mas por não
arriscar se aproximar você não saberá e sempre achará não me conhecer... A não
ser... Bem você pode iluminar o virá.
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