quinta-feira, janeiro 29, 2009

Leveza de

Somos feitos de pequenas tristezas
Mas as alegrias não padecem
Enaltecem tanto que acreditamos
Que só rir nos apetece

Até a tristeza vestir o coração
Na balança da alma
E tudo pesa
Mas tristezas não duram
São águas marcadas para um futuro

O que acredito ser deixa de ser um dia
E o vento engrossa a chuva pós garoa benta
Então o coração queima ao se redescobrir
Liberdade não é profissão é Alma
Nada pesa mais que a leveza de ser

13h16 (Rafael Belo) 25.01.09

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Por aonde vamos?

Morreu a morte está na hora de viver os dias eternos
Que nada são perante o enfileirar de ventres
Na psicodelia da psiquê do vidro por onde nos vêem
Vindos do olhar da Presença segura. Por onde vamos?
Seja você silêncio, sons, boca ouvido, respirar tocar olhar,

O Contemplar o insignificante significado maior que tudo
Menor que nada na vida do absoluto inspirar
Nos respirando sem esforço para todo o espaço a preencher
Seja a inspiração de ser autêntico no grão de areia infinito
da tua grandeza enfileirada eternidades ante eternidades

No caminho de fechar os olhos e deixar a confiança guiar
Não morra para o infinito com atalhos malditos da longa caminhada
Altos e baixos são destinos de um meio não visto mais um fim deslumbrado
Vá, há Quem segure tua mão há Quem encha teu coração
Não há morte há tempos. Estamos vivendo para a Eternidade

13h06 (Rafael Belo) 25.01.09

segunda-feira, janeiro 26, 2009

S de solidão

Solidões prolongadas não me são mais

São um tristeza de três dias até aparecer alguém

Estar só é o limite de algo e coisa alguma

Esta solitude é o tédio enclausurado na prisão

Voluntária do jejum de fim de semana

Faminto e sedento de ser sozinho de outras maneiras

 

Há solidão nos pontos de encontro esculpidos nas ladeiras

Da alegria brilhando de repente por olhos contentes

Antes se abandonados ao seu desequilíbrio

Ardente da inexistente perfeição racional

 

Na irracional necessidade solitária de estar

Ausente qualquer presença gera o óbvio

Sóbrio de aglomerações prolongadas

Pelas estadias contínuas das monotonias desta vida

Adoecida pela agonização

 

Das entranhas das estradas para o mesmo destino

Falsificado pelas previsões imprevisíveis dos teus planos eternos

Rascunhados em uma ambição alheia afastada dos outros insistentes

Pela sua solidão onipresente

 

(Rafael Belo) 21h05 – 11.01.09

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Por Rafael Belo
Não era como antes e antes foi ontem. Plena manhã ônibus lotado, mas, havia algo diferente. Nada místico, bastava olhar com atenção. Mais pessoas em pé do que sentadas... Ahá... E daí, certo? Errado. Haviam lugares e não eram poucos. Eu estava em pé até a quantidade de bancos livres ultrapassar de pessoas não sentadas. Como “andaria” muito até meu destino sentei. O ar cheira psicologia. Psicologia de ônibus.
Psicologia de ônibus

Benditos sejam os celulares e a consciência. Nem sempre se encontram. Certo... Poucas vezes. Olhando bem pelo ônibus costumam ser companhia para quem está sozinho – e quem não está? – na viagem de um ponto a outro da cidade. Ontem sentei atrás de uma psicóloga de coletivo fazendo terapia de casal com a parte feminina do assunto, bem a mulher para ficar bem claro. Tinha jeito e cara de estudante poderia ser, mas pela altura que falava tratava da amiga.

Muito bem vestida. Um vestido verde grama de noite com alguns belos decotes nas costas e nos seios. Bonita também com belas pernas e um sapato preto aberto com um grande salto. Sentada de lado com o cabelo caído na testa sobre um dos olhos castanhos claros, ela gesticulava e jogava para trás os cabelos a todo instante. “Esqueça o que passou. Passou! Agora que vocês voltaram não adianta ficar jogando o que um fez o que outro fez na cara.”

Bom argumento (?). “Se for assim é melhor nem voltar. Vai acabar de novo! Traição é sério, mas, vocês se gostam e isso tem que ser mais forte. Vocês merecem esta chance que estão se dando.” Traição? Será a psicóloga de coletivo acadêmica? Ela me parece com medo de ficar sozinha – é um complexo feminino? Não os homens também têm – há algo de experiência pessoal nestes conselhos. Hum... Nenhuma aliança... Pode ser... É, é possível sim. Como vou saber?!

Distanciei-me um pouco do divã alheio e penso comigo que a base de um relacionamento – seja ele qual for – é confiança. Mas, o mais importante não é perdão ou seria tudo Amor? “Ele traiu só isso? Uau! Não! Não faça isso. Não diga quantas vezes você o traiu... Bom diga isso. Ele não sabe quase nenhum fica na sua. Se ele souber vocês não vão conseguir voltar...!” Mudaram de assunto. Namoro, promiscuidade... O que eu tenho a ver com isso.

Desliga e tenta ligar para várias pessoas o restante do tempo que permanece no ônibus. Para a amiga havia dito estar perto de casa e já estar descendo, o que aconteceu mais de meia-hora depois. O que eu tenho com isso?!

- Oi!, digo o mais simpático possível. Recebo um sorriso gostoso de volta e desconfiado. Ela se levanta para descer.

- Como está sua agenda amanhã?, Pergunto e ela me dá um outro sorriso com a diferença deste ser interrogativo.

Ela desce. Eu me penduro na janela e falo alto sorridente: - Amanhã na mesma hora e quase no mesmo lugar. Só com a diferença de eu sentar no divã. Foi um prazer! – ela fica parada me olhando como se não tivesse acontecido e o coletivo segue.



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quarta-feira, janeiro 21, 2009

Coleta do silêncio

O quê há na cabeça? Dentro destes olhos
Me deixe e esqueça de me deixar entrar
Nos pensamentos provisórios esperando
Para permanecer em abandonar a mente
Subserviente a inquestionável mudança
Outrora azeda no rosto torcido a pensar

Na sua cabeça fica aquele silêncio impossível
Possível na minha questionável mente ausente
De apenas momentos constantes de alguém
Chorando o suportável visto na morte das coisas
Além do visto latente continuado de luta

Com a mente intacta de tatos quentes
Mãos frias apertam os pensamentos
Em cactos áridos por fora do charco
Do quê há na sua cabeça coletiva
Coletando passagens dentro daqueles olhos

13h25 (Rafael Belo) 15.01.08

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Adoráveis transportes

Por Rafael Belo

Pegar ônibus é invasivo. Para deixar claro é agressivo. Ainda bem que nem todas às vezes. As pessoas olham e olham de novo e repetem o olhar. Pensam algo que com certeza dificilmente é o quê você pensou que elas pensaram. Percebe? Um belo sorriso para ti pode ser de você, um “olá” pode ser um “sai daqui”... Também pode não ser nada disso, pena que tudo é possível, mas as pessoas são previsíveis? Se pegarem ônibus no mesmo horário frequentemente, se portarem da mesma maneira e descerem no mesmo lugar... Talvez! A mim incomoda mundo as rádios no último volume. Sem preconceito, mas, da repetidas vezes que infelizmente vem acontecendo nos ônibus onde estou são mulheres. É divertido por um certo tempo... Por um certo tempo. Mas é uma metralhadora gaga de volume estridente causando tiques de tartaruga. Aqueles que quando parece acontecer algo ruim tentamos colocar a cabeça dentro do peito.

Gargalhadas escandalosas engolidas pelo coletivo de olhos repreensivos à parte, os assuntos que são indigestos. Certo os tempos são outros, mas, ouvir de bebedeiras, de loucuras, transar e beijar geral é triste. Hoje de manhã ainda ouvia dizer que as garotas do BBB têm que beijar todo mundo porque não sabem quando vão sair... Infelizmente o comentário condizia com as histórias pessoais da mesma. Dizendo ter ficado louca estes dias de tanto beber e de outro dia estar tão alcoolizada a ponto de ser arrastada para casa sem saber como e ter ido direto para o trabalho. Uau! Ouvi muitos malas masculinos dizerem tais, mas não sabia que a igualdade feminina também beirava a promiscuidade de nós, “homens”. A contradição vinha acompanhada também. Ouvi de palavras de um “ficante” (de uma única vez) o coração da tal derreter pelas palavras que disse. Está tudo igual, que pena!

Dia anterior à conversa produtiva do ônibus era amantes. Voltava eu para uma noite de treino depois do trabalho e as caras tortas de senhoras e palavras de “meu Deus” dominavam toda a área inaudível do ônibus, porque a imagem e semelhança desta manhã parecia um encontro de minas falando do dia-a-dia. Diziam de maridos que traiam as esposas com elas e dos coroas que as sustentavam babando por elas. Uma tinha (segundo dizia) três: um para pagar água, outro para pagar luz e o terceiro para pagar o telefone. Nossa, grande conquistas destas mulheres. Não estou julgando (sempre dizem isso quando julgam) mas falar tais cosias de boca cheia e para todos invejarem... Então você presta atenção no trânsito pela janela para dispersar e vê (des)motoristas dirigindo sem as mãos, porque afinal precisam comer, falando no celular, não dá para esperar, agarrando a namorada, sem parar é inevitável, e várias repetições da desatenção e egoísmo em trânsito. Adoro ônibus!

sexta-feira, janeiro 16, 2009




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Muros de vento
As areias cobrem o meu desamparo nas sobras da minha terra, do meu espaço desconhecido. Um pedaço de terra chamado meu sem ninguém além de eu reconhecer. Vago por elas inóspito e elas sem água. Sou sombra deste sol retaliador arrebatando minhas costas com o calor infernal cercado de deserto. Me arrebenta a boca seca rachada de desidratação dolorida. Sou pó deste chão de areia escaldante me engolindo. Sou ninguém.

Venho daqui. Deste pedaço de nada que é tudo pra mim. Sem ele me sinto perdido como estou. Como se não existisse sem um lugar para me orgulhar e chamar meu. Mesmo que vivam me dizendo que meu lar está no meu coração, não sinto assim. Sinto meu coração vazio. Vazio diferente deste vazio desta terra de areia. Meu sangue foi derramado aqui e das minhas gerações passadas é uma herança que dizem ser de todos, mas todos não se sentem como eu.

Estou em cima do meu castelo de areia e começa a ventar muito. É uma tempestade. Às vezes acho que só uma grande guerra me devolverá este pedaço de chão e outras não agüento ver tantas mortes intermináveis. Não desejo dinheiro, carros, luxos... Só o meu lugar e não deixo de me perguntar por que aqui? Mas me contento silenciosamente com o que Deus me deu mesmo que tenha que conquistar, mesmo que tenha que pegar em armas. Quero um futuro para os meus.

Por que me perguntam se sei quais são palavras só minhas e de Deus? Não me torturem com o inexplicável. Não me justifico através Dele nem por meio de nada. Como um ser humano pode viver sem um lugar. Quero minhas raízes de volta. Sem elas não sou livre para ir e vir. Não tenho de onde sair. Não tenho direito de julgar e de matar... E se tivesse não conseguiria conviver comigo mesmo pela feitura de tais coisas além de minhas mãos.

Irmãos brigam entre si desde o ventre. Caim e Abel revelados na briga bíblica. Esaú e Jacó não só bíblico como também machadiano. Pedro e Paulo do livro de Machado de Assis se batem ainda na barriga da mãe. Somos bem e mal só temos escolhas e caminhos. Porém algo ainda me diz que todos estes infindáveis caminhos levam ao mesmo destino a diferença está na absorção das experiências e dos erros praticados. Minha terra está no fim desta trilha de tempestades desérticas, mesmo que as areias cubram o meu desamparo nas sobras da minha terra.

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quarta-feira, janeiro 14, 2009

Forjar libertos

Pele morta sobre viva pele
Descama o câncer do humor
no tumor da alma maculada
Atrás do sorriso da fome canibal
Rosnando o animal escondido a pastar
Um deus de barro e metal feito falsa fortaleza

Diante dos espelhos invisíveis afastando aos gritos, próximos
Aos olhos impossíveis foscos lógicos mergulhando em abismos sórdidos
Sobre atalhos inexistentes imprecisos espelhados sobre nada
Na visão criada ao queimar ao sol

Enquanto uiva à lua prateando um Universo
Versado em ser o mesmo para todos os meros
Despertos a inclinar a cabeça para o brilho noturno
Libertos das prisões forjadas nas nossas fraquezas cordeiras em lobos cercando

11h34 - 08 de janeiro de 2009.
(Foto que tirei no mosteiro em RIbeirão)

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Pastores da presença

Mais uma guerra! Não sabemos de nada mesmo. É a mesma guerra. Depois de atentados de palestinos bombas por morarem em uma faixa (não justifico)- ou seria ao contrário? -, isso foi agora ou em outra época? , Israel resolveu (?) guerrear de novo (dizem estar no seu direito). Tirar vidas é o direito de alguém? Decidir quem vive e quem morre? Não temos este direito, não! Não há jornalistas estrangeiros. São de Tel Aviv e Jerusalém que os jornalistas correspondentes fazem as “matérias” por meio de imagens da Al Jazira e jornalistas locais é que sabemos da guerra. Não há uma solução milenar que satisfaça as partes. Estados Unidos como sempre ao lado dos mais fortes e dos próprios interesses. Palestinos querem seu Estado, Israel... Não quer que tenham... Na antiguidade Roma interferia aonde bem quisesse (certo, nem tanto) hoje são os estadunidenses no poder que darão 30 bilhões ao Estado de Israel. Como se Israel precisasse desta ajuda com um dos maiores poderios bélicos e ainda em investimento do mundo.

Corpos transportados em pilhas, bombeiros lavando o chão de sangue. Terra de conflitos milenares por espaço, liberdade e opinião, terra fértil em sangue. Banhos de sangue pelo domínio da religião. Não é Deus a favor da guerra? Não. São os homens a favor da guerra? Alguns. Guerra é política é hierarquia, não igualdade. É de cima pra baixo e bombas. E vidas estilhaçadas ao fim precoce. O obvio é que violência gera violência. Não é uma questão de escolha de lados. Trinta quilômetros de uma faixa nada inocente atacando e sendo atacada em proporções extremas e maiores. Desde que a morte foi banalizada poucas imagens chocam. Agora é matar ou morrer. Agora? Quantas mortes valem uma vida? O estopim vem do início dos tempos e não pára de queimar. Estamos tão afastados assim que nem gritos adiantam mais? Precisamos usar palavras armadas no começo indo armas brancas passando por balas perfuradoras até chegarmos a tanques e mísseis... Nossas necessidades não são nossas!

Lembrem Thomas Hobbes: "Homo homini lupus", o homem é o lobo do homem; "Bellum omnium contra omnes", é a guerra de todos contra todos. É o medo e os sentimentos mesquinhos preservados e prosperados habitando onde não devia: No coração das pessoas. Uma paixão pelo poder que não permite sermos libertos. Desconfiança, solidão e ansiedade assolam o mundo de dentro das pessoas para fora. A paz vem de nós é frase feita de efeito, porém, verdadeira. Temos aquilo que buscamos e nossas guerras diárias não são de sangue alheio, é nosso próprio sangue suado nos mantendo melhores a cada dia que acreditamos. Não é mais uma guerra que vivemos e vemos, é uma continuação daqueles obstáculos que nos crescem nos tornando nossos próprios pastores afugentando lobos apenas com nossa presença.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

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Secas brasas

Espreitado segundo a segundo. Observado. Algo mal queria me tocar. Aquelas formigas instantâneas apareciam. Eram formigas inusitadas que surgiam sorrateiramente de lugar nenhum. Estavam em mim e eu me perguntava de onde vinham sem resposta. Às vezes caminhavam em meu corpo e certa me despertaram e não estavam lá. Picaram meu corpo em diversas partes e me marcaram por tempos. Depois sumiram de mim, mas ainda rondavam a casa.

Depois meus transportes particulares e coletivos sumiram. Não sonhava mais. Tudo escurecia quando descansava o corpo e eu estava brilhando no meu escuro. Então, veio este momento. As formigas ainda apareceram de repente e não há buracos ou qualquer fresta para elas entrarem e saírem. O que chamamos de lagartas de fogo – aquelas peludas que queimam – começaram a aparecer, mas uma voz de fé e confiança não permitia minha hesitação nem queimaduras. Elas começaram a virar aranhas vermelhas. Tarântulas que nunca havia visto.

Eram sangue calamitoso manchado de revolta de prisão. Não chegavam a mim. Mas arrepiavam minha alma como se a própria Escuridão das pessoas quisesse me tomar e me induzir a ela. Me beber me derrubar me separar... Batalha longa onde mãos me seguravam. Corpo fraco espírito renovado em força não necessária de compreensão. O brilho em mim reluziu brilhos desconhecidos até o Sol incendiar meu coração em ardências de fé.

Como brasas meus olhos enfumaçaram uma pureza neblinante para o redor. Devia a partir de, fortalecer minhas relações e convicções. Ouvir, sentir, pensar, tocar e falar... Não havia planos vindos de mim, mas eles existiam. Eles elaboravam as brasas pisadas pelo caminho, as pausas surgidas, os passos passados. Havia a espreita e sempre haverá tentando enfraquecer quem sou, que me fizestes. Estarão rondando, mas estou sondado a soldas de estrelas.

Sou tu, tu me és! E tantas patas querendo nos alcançar mostra a fraqueza da carne que queremos devorar como canibais. Como tribos isoladas batalhando para ter o melhor do guerreiro de outra tribo. Pata nos convencionar a sermos e termos troféus de ostentação vazia e inglória. Somos observados e tentados a sermos irracionais e apenas passionais por demais. Minha árvore seca alastrou o incêndio do meu coração e é hora de descer.


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terça-feira, janeiro 06, 2009

Um segundo a mais

Acordei pensando no invisível. Como ele é veloz! Quando a gente pensa vê-lo, ele não está e quando pensamos estar, não o vemos. Estes são os meus dias. Como o invisível é veloz, me cerca por toda parte. Está à minha frente, atrás de mim e me passa desapercebido. Quando estou despercebido ele me percebe, me segue e pesa no estômago! Me diz para dormir! Só porque estou sem horas? Me pesa a cabeça e é janeiro. É 2009! Tudo bem... Logo volto a descansar direito e sonhar com as construções invisíveis. Com este preenchimento achado inodoro, incolor, inaudível, insípido, impalpável fora ele ser invisível... Ele é este vácuo me dizendo algo incompreensível que de alguma forma sexta-feira entendo. Mas não pretendo ser veloz o tempo todo, nem todo o tempo. Deixe meus olhos abertos do avesso!

Não vêem o invisível por aí! Pare um pouco porque eu não paro de vê-lo! Ele me desenha nas dunas do deserto quando me atento a praia contraditória tocando o céu nas mutações descolores do fim de tarde. Assim descanso e me canso com a cabeça nas dunas. Outro ano começou. Este sem promessas. Estive, estou com minha família, mesmo nos momentos sozinhos. Depois da virada familiar e da partida para a balada do século, dormindo pela manhã vi este deserto sendo praia de um mar contínuo de céu e meus pés – após breve vôo – pousaram no meio de tudo com as ondas me movimentando. Não as pulei só ouvi as águas, as areias, o vento e o canto do pôr-do-sol enquadrando as imagens natureza em um infinito som do céu. Veio os cheiros de mundo felicitando uns aos outros pelo ano virado.

Me sinto diferente já neste começo. Não sei o quê falta e o quê sobra, sei que não quero saber ainda. Não é o momento. Digo porque sinto isso, seja lá o que isso for... São sensações ainda codificadas, conhecimentos ainda soltos, frases ainda inacabadas. É assim: o ano começou, mas o ano ainda não acabou. Mas, passada a família foi o primeiro ano virado em rock and roll gostoso, puro, clássico e rebelde com causa. Foi querido e alcançado, foi simples e é feliz. Todos cantando as músicas... Nossa que sensação! Me senti mais músico, mais compositor, mais “cantor”, mais violão e cordas. Quando voltei para a família toquei por horas e ria e ria. Era dia 1º de janeiro de 2009. Como o invisível é veloz! E no último dia do último ano passado ganhamos um segundo... Um segundo para cultivar amigos, para aprendermos, para errarmos, para cantarmos, para valorizarmos a família colher pessoas, para respirar, para pensar, para mudar de direção, para sermos, para irmos um segundo além e depois ir.

(foto que tirei na Torre dos sinos)

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Duna (foto kami)

 Sopro-me no vazio avistado frente aos olhos

Preenchendo meus vazios desérticos de beleza

Como namoros das palavras incrédulas que me saem

Com certezas impensadas nas costuras de experiências

Da minha ciência inexata de sentimentos deixados soltos

 

Soprando desertos nos desenhos falados de esperança

Em um oásis infinito de ti por toda parte de areia fria ao sol

Mar de vento arenoso no limite do pensamento viajante

De tempos em tempos com pequenos passos distantes marcados

Nas instâncias vistas nos ciscos incômodos nas pupilas fraquejantes

 

Longes nos caminhos movediços por momentos ventados

Pelo meu sopro engolido nas areias tempestivas chovendo na pele

Sem tristeza na seqüência da colisão das conjugações idas vindas presentes

Na minha primeira pessoa sem posses o descanso conversa

Hoje estou cansado

Meu sono me chama para uma duna aconchegante de sonhos em construção

 

16h15 (Rafael Belo) 05 de janeiro de 2009.