sexta-feira, fevereiro 26, 2010

harmônicas cadenciais

minha capela sussurrava vogais
estendidas no meu templo fechado
de cantos seguros de fluência rítmica elétrica de um eu cadenciado,
em melodias incorporadas de vozes corpóreas afinadas de alma,
na harmonia incompleta encorpada de peles arrepiadas em sintonia.

elevação respirada em suspiros musicais sensoriais de senso som,
profundo toque auditivo percorrido no corpo em baterias espásmicas
da leveza da canção da multidão do fluxo sanguíneo em nirvana zen.

além das sensações de apego desafinadas, há afinação, mesmo momentânea
da liberação de ruídos promocionais bagunçados de repetições refrônicas,
desajustadas de filarmônicas improvisadas tocando o sentimento perdido na última esquina.

20 de fevereiro de 2010, folha de outono (rafael belo), às 15h11. *e é foto meio reveladora meio escondida que tirei sem questionar a queda da harmonia ontem.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Nosso local na cidade

Não chove aonde vou. Chove na cidade, mas nem uma gota me molha onde estou,
vagando em mim vago de um Amor concreto repleto do abstrato Amor, não gasto
de gosto colorido de um toque refinado de intensidade envolta a delicadeza sinuosa
de querer se molhar. É dolorido andar aonde a chuva não vai caminhando ao avesso,
perdido no tropeço estabacante de quicar no chão seco, do deserto da poeira alérgica
ao pó estético da desolação onde secam as lágrimas presas pela grades do orgulho,
entulho da liberdade publicitária de comprar ilusões superficiais dos consumos consumidos pelo caminhos atropelados da gente a querer mudar as mudanças empilhadas no upgrade da imaginação totalitária da enchente, escaldada de encher indigentes feito eu e você, vazando ares heróicos de mobílias preservadas no nosso local na cidade.

18 de fevereiro de 2010, Folha de Outono (Rafael Belo), 17h34. * foto que tirei da proximidade daquela planta definhando ilustrando o miniconto do último post.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Paradoxos mentais

*foto tirada enquanto esperava para trabalhar na última quinta
Por Rafael Belo

Devaneios com os pés no chão... Não! Não é um paradoxo passível da minha realidade de uma mente além. Não posso usar este paradoxo! Seria uma quebra dos meus paradigmas quebrantáveis. Posso voar sem asas, enxergar através da neblina e até por meio dela, mas preciso delirar minhas razões de ser com pés impossíveis de copiar em qualquer realidade física-virtual morta de overdose de desinformação pelas limitações impostas a artes sem limites.

Arterium Intensus... Meu nome registrado na pele em marcas de nascença. Composto e único de complexidade...! Não é assim o ser humano?! Por que negar tal dádiva da digital da alma?! Não! Leave me alone... For now... No momento quero me sentir sozinho. Há algum problema nisso?! Minhas multidões podem me encarar como querem. Se querem ser homônimos parônimos heterônimos anônimos... Serão. São implanejáveis. Vêem em linhas tênues incontroláveis paridas em qualquer hora e lugar sem preocupação com impacto ou regras literárias.

Jorro meus eus por aqui, por aí em toda parte no mesmo momento numa sensação onipresente de estar na mente de outros diferentes dos meus eus. Qual a importância do meu nascimento se não minha liberdade e o meu fazer dela. Sou paradoxo de mim, paradoxo do reflexo, paradoxo da reflexão do espelho... Enjôos do meu refluxo mundano saem em incômodos vômitos mareantes de ordens orais, manuais, mentais do meu caos.

Sou meu incomodo sendo você por dentro manifestado em berros de liberdade de sinceridade de máscaras depostas do devaneio da humanidade caminhando com as mãos, para mantê-las limpas. Minha mente paradoxal cabe na sua intensa artéria latejante pronta para uma AVC inexistente já pelo nosso olhar freudiano de Sófocles da realidade conforme nossos olhos insanos sanados da criação familiar. Deixo este lugar para viver no meu hospício banido onde só caminho com meu coração liderado pela alma consultora da mente imaginária. Vou para sempre, volto em seguida, logo.

sábado, fevereiro 20, 2010

Incômodo profundo (um surto necessário)

Por Rafael Belo * a foto de quinta(feira), tirei logo nas útlimas gotas de chuva.

Ando enjoado com refluxo do mundo, regurgitando controles a virem sobre mim em ordens mareantes. São ondas virtuais, sociais e toda a tempestade do mar invadindo a distância de léguas e léguas do litoral. Não me sinto parte e já ouvi tantas vezes minha futura descoberta de eu ser alienígena. Mas, não somos todos invasores?! Invadimos privacidades, espaços e vivemos tentando controlar algum mundo, começando do nosso. Não há controle de nada o tempo todo (se houver em algum tempo...). É impossível controlar as coisas, somos tão ilusórios iludidos.

Somos uma irritação provisória na alergia do mundo. Quanto pessimismo, não?! É a necessidade de mudar, de sair de um círculo infrutífero, mas penso nos dizeres direcionados "a mim" ontem, como fonte deste meu incômodo notório. Foi um elogio, um bom elogio. “Artista completo” foi um dos compostos de qualidade atribuída (o qual agradeço imensamente). Não me sinto completo e não me sentirei porque não quero ser. Sou incompleto e provável eterno insatisfeito com a atitude das pessoas e a minha.

Não há satisfação em rotina. Simplesmente acordar e fazer o mesmo do dia anterior me desloca de mim profundamente. Somos mais. Podemos fazer aquilo pelo qual trabalhamos e nos dedicamos. Sinto-me no Bee Movie, como o protagonista Barry B. Benson (com características e Voz de Jerry Seinfeld) percebendo não ter nascido para repetir, repetir e repetir a mesma função o resto da vida. O RESTO DA VIDA!? Nãoooooo!!

Ele sai da colméia e descobre os humanos os roubando, levando todo o mel deles para casa sem nenhuma participação das abelhas. Lá pelo desfecho do filme ele se depara com o possível fim de tudo caso as abelhas não voltem a polinizar o mundo... Estamos polinizando pelo menos nossos jardins? Não Incomoda não agir não falar normalizar tal verdadeira loucura noticiada banalmente na televisão...? Não incomoda (assim como a proibição de surtar vez ou outra?)?

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

patifes

* tirei do equilíbrio das gotas da chuva a se juntarem e formarem poças em algum momento para cairem em outro
Balança meu chão parado, improvisado de meus pés
de um equilíbrio qualquer, a nos crescer e nos matar sem querer
em dias bem quistos no mal-me-quer, enjoado dos tremores inexistentes
das ações inconsequentes de afundar, corpos programados para continuar

sem sentidos, anestesiados pelo circo itinerante da mente dopada
apagada dos sensores de reação, definhando um silêncio tagarela
no labirinto perdido do pensamento, com as mãos na nuca, aclara
escurecida pelo sentimento de nunca saber diferenciar os limites

entre cair e levantar, em meio a tempestade sem fim a despencar
patifes intenções de superar o insalubre cume movimentado de impassíveis.

20h09, Rafael Belo (Folha de Outono), 07 de fevereiro de 2010.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Fascínio

*olhando pela janela real de casa, logo atrás do mundo virtual
Um sopro engarrafado do aberto invadiu o espaço fechado
em um trânsito discreto de almas para fora do lugar dramático
de corpos erráticos bruxuleantes fortalecidos pela ausente janela abstrata
marcada pela respiração sensata daqueles a deixarem os corpos sem vagar

tudo deslocado para o estranho lado do movimento de devagar divagações
dilaceradas, diluídas nos caminhos com mais corações, menos mentes
adstringentes em toda aquela insolução diante das faces espontâneas,
das soluções momentâneas constantes a esvaziar garrafas areadas,

dos ares soprados nas bocas e ouvidos das oficinas falidas do diabo,
mantidas longe da verdadeira falência do diálogo, mantendo distante uma mente faiscante domadora do fascínio de ser, mais que reticências.

20h55, 06 de fevereiro 2010, Folha de Outono (Rafael Belo).

domingo, fevereiro 14, 2010

Colisões aparentes

Por Rafael Belo
* Foto tirada do lugar onde mais gosto de passar: na estrada em viagem
Sabe quando tudo parece normal, mas é só aparência. Dentro de si há alertas e mais alertas. E é com razão. Estou vagando desde os primeiros raios solares e não ouvi um barulho, não vi uma pessoa e ainda nem lembro como vim parar aqui. Uma cidade qualquer como as outras, no entanto tão desolada como o deserto ao meio-dia. Opa... É meio dia! Por que não cheira comida? Onde estão os carros superengarrafados? Os gritos?

Tem algo errado... E como eu sei disso?! Enlouquece não falar com ninguém, mas não ver viva alma uuuu é assustador. Não são possíveis as histórias de zumbis e de vampiros, certo? Nenhuma vida à vista, porém as coisas e lugares não estão abandonados. Humm, sem teias de aranha sem lixo sem entulhos... Quem está aí? Ouço vocês conversarem! Apareçam já!! Meu coração vai sair correndo assim. Espere...! Este... Este som... Está na minha cabeça. Esquizofrenia nãooooo!

Calm down, boy! Bread, Bread... I’m so confused. Caraca! Eu falo outras línguas?! Preciso me concentrar. Não faz sentido tantas vozes na minha cabeça... É como uma multidão falando ao mesmo tempo... Eu... Eu... Tem algo de mim... Eu não sei algo sobre... Aaaaa... Sou eu no espelho?! Quando foi... Esta barba eu não reconheço. A tarde vem caindo. Vou continuar andando. Próxima cidade... Devo ter caído de algum último sanatório! Por que diabos este sol parece estar dentro dos meus olhos?

Se bem... Desde... Não vi uma planta sequer ou água por aí. Como posso não ter sentido sede ou calor ou... Apenas solidão. Meu nome é... É... Lá está a noite, porém não escurece. É possível? Preciso alcançar a ausência de luz... Preciso... Uau! Corro muito rápido. Comparado a quem mesmo...?! Havia uma placa ali indicando perigo e raios... Por que uma seta apontada para o... Chãoooo! Uou. Produzo um som seco e indolor.

Aqui estão todos. Digam-me como faço para tirá-los da minha maldita cabeça?! Alienígena?! Supernova?! Ãn?! Três mil e quantos depois de quem? Lugar... Errado... Não? Tempo... Errado... Voltar... Mas... Mas... Ninguém! Silêncio! De novo desolado, mais uma vez deserto. Outros mundos se parecem iguais e outros iguais se parecem mundos... Qual a atitude diante de tantos mundos colidindo? Aparências...!

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Estranho do próprio ninho

*Foto tirada do ninho de sabiá a meia altura em casa

Por Rafael Belo

Deslocamento de ar, deslocamento de gente, deslocamento de informações, deslocamento de alma, desloca mente... E eu na certeza de estar de mudança completa. Afinal, já são pouco mais de cinco meses de retorno. Ainda me sinto, e nem sabia, fora de eixo. Alguns dirão “é assim mesmo, normal”. Mas, eu sou a mudança em pessoa e em nenhuma circunstância dos meus deslocamentos pelo país senti-me estrangeiro. Agora sou o próprio... Pensando bem, não é bem isso.

Montamos situações na nossa mente fantasiosa a nos deixar assim sem entender qualquer contexto ou pior, interpretando livremente sem base. As relações acabam por ser assim. Queremos fazer nossa parte e gritar para todos “eu fiz”, “eu doei” “eu sou solidário”... É uma tirania da “bondade”, mas estou tirando o foco da minha pessoa. A força doada por nós a segundos e terceiros é tamanha, a nos pesar certas horas. Porém, continuando a enrolar, porque nos achamos referência para alguma coisa. OO Prepotência. Pensamos ter sido agradáveis, sendo nós mesmos, com as pessoas e de repente mal se trocam palavras. Há um constrangimento...

Costumo tratar a todos da mesma forma e no mínimo espero honestidade. No entanto, nada se deve esperar. Ultimamente fico pensando: “onde estão as vidas inteligentes deste planeta? Ainda é possível manter uma conversa sem mencionar reality shows, contas bancárias, status e a vida alheia? Há mais franco-pensadores orais por aí?” Então, eu sento, visto um sorriso e exalo arrepios para começar a escrever. É um alívio poder reunir as palavras em algum sentido.

Nada de compactuar com as expectativas inquiridoras sociais. Quero mais originalidade ou então fica aquela expressão da boca espremida, a sobrancelha esquerda levantada, a testa “dobrada” e a respiração quase estática a encarar. Quero ouvir “não gostei de você”, “te acho arrogante...” e poder saber por que da onde. Chega da inquisição velada no banco sem pernas do júri.

Não me entendam mal, adoro socializar, extrair e trocar com as pessoas. Contudo, ando tão anti-social e a música é a companhia perfeita, é a expressão percorrendo a alma, mas quando sento é silêncio até nascer algo, até meus olhos brilharem e eu sorrir. Olhar para o som, para as consoantes e vogais juntas e saber ter sido um parto. Sou horas solitário e horas multidão. Minhas partes são assim e sinceras ao extremo. Pari sentimentos no ar empático e ganhei minha nacionalidade de novo, até voltar a ser estranho no meu próprio ninho.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Corpos estranhos

*Foto tirada com a chuva ainda moldada em gotas na beleza de um quintal

Corpos estranhos levantam as línguas em duelos
tortos pelo entender da fala tórrida estrangeira
ligeira no seu arrastar de consoantes vagas na vogais
estendidas na expressão a mais, insólita presença de nós mesmos
como estranhos corpos tomados em vazios copos dáguas
caídos transbordando o silêncio do nada módico
para um complexo sórdido de devorados devoradores de almas e mentes
em sons onipresentes de adorados adoradores adoráveis de um velho mundo em essências, de todas as língua afiadas desafiadas a adoção em corpos estranhos a própria estranheza da aldeia, presente, da pequena grandeza de falar igual e entender diferente, as diferenças.

23h12, Folha de Outono (Rafael Belo), 02 de fevereiro de 2010.

sábado, fevereiro 06, 2010

Na pele

*foto de ontem enquanto queimava o calor me queimando
Vejo sete céus em teu olhar quando fecho os olhos

então, duvido se faltam céus ou há ausência de nuvens
o celeste está na tua boca molhada suave em teu ar insinuado

chocado pela agressividade mansa domada pelo tocar, dos colos
solos das línguas acariciadas, conectam calor pelo corpo em margens
não há todo, somos reféns de mordidas invasivas, suspiros transpirados

atados, a evasivas falas do diálogo dos poros hormonais
exalados pela eternidade de sentir contornos labiais fantasmas,
camas imaginadas em um tempo de dois, em fugazes pazes selvagens
da natureza oposta suada dos sexos extasiados um pelo outro, na pele.

30 de janeiro de 2010, Rafael Belo (Folha de Outono), 23h30.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Dia óbvio

Por Rafael Belo * quem disse que o reflexo das poças nos azulejos não são reflexíveis?! Foto desta semana depois da chuva no quintal de casa.

“É um dia óbvio”. Pensou assim que acordou. As mesmas perguntas, tarefas iguais as de sempre, pessoas com as mesmas atitudes, as mesmas piadas, a velha homofobia enrustida, a malícia incrustada e o cuidado minucioso com a vida alheia. Ah! Claro! Como esquecer dos fingimentos...?! Aquela rotina enfadonha lhe fazia suspirar por algo a fazer antes do surto.

Sim, porque era óbvio, hora ou outra ia surtar. Ora ora... Nada de chacinas norte-americanas ou crise de abstinência de um viciado em maus lençóis tornando-se psicopata e matando a própria mãe. Também porque seu vício era dizer o seu enxergar e mais, o seu sentir sentia. No entanto, tudo ele passava em um resumo de acúmulo. Ele acumulava todas as gracinhas infames e todos os moinhos de ventos serpenteando para o atacar. Todo aquele vazio puxava sua alma.

Havia uma sensação de inutilidade. “Não sou inútil, mas também não possuo ausência de medo, porém sigo em frente.” Ele olhava com desprezo e ria da mediocridade o tomando e ao redor onde tinha se metido por tanto tempo. “Quanto tempo mais até eu destravar a língua e jorrar observações?” Era um fim do mundo diário. Angustiante a levá-lo a se levantar toda hora da frente do computador. Ele ouvia a trilha sonora de “Psicose” cada vez que ignorava, a cada ignorância. “Tam tam tam tam, tamdamramdamramdamramdamram...”

Era óbvio sua ineficácia com o ser deixado no seu lugar perante o espelho. Era óbvio a não continuidade de tudo isso. E começou bem cedo. Despertou com um sorriso largado de confiança pela primeira vez em tempos. Levantou com bom dia para todo lado e disse para cada uma “personas non gratas’ não devem falar se nada querem ouvir”. Respondeu cada gracinha com uma observação peculiar e sincera sobre a particularidade de cada. Foi silêncio. Só seus passos e o som de olhos estatelando.

Disse sobre a vulgaridade de uma, sobre a homossexualidade enrustida psicótica tocada diariamente de outro, sobre a carência de um terceiro, sobre a frieza e o egoísmo manipulador de uma quarta, sobre a mentalidade retrógrada e constantemente infantil da maioria, da pequenez “recompensada” com augúrios de poder fadado a não existir de um fardo...

E, foi falando a todos os seus devidos mereceres. Depois bateu palmas por meia hora pra si, diante de uma plateia envergonhada. Estava aliviado, satifeito era óbvio. Óbvio também era o fato de, em breve, se sentir contraditório consigo, pois não deveria expor a particularidade observada das pessoas em público em alto e ensurdecedor som independente da quantidade de “vergonha” a lhe querer, certo?! Certo?!

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Poetry

*Foto tirada também na estrada (treelife?)
Conexão do olhar trocado, emanando ondas incendiárias no peito
toda vez que tocado, despido de corpo e de preceitos
na jornada de bagagens escaldadas, imaginárias do que seria perfeito
em imperfeições arbitrárias daquilo que dizemos “por direito”
sujeitos as intempéries do tempo e do temporal de temperamentos
temperados de temperos sofisticados, calados à simplicidade
do jeito vibrante de eternizar uma vida de momentos
tendo a sinceridade aberta nos olhos fechados, tamborilados
pelo coração pulsante, pretenso a sempre se entregar
a missão de viver completo, nunca, decerto, em si somente.

(Rafael Belo)