quarta-feira, novembro 24, 2010

Cavaleiros e Amazonas sem-cabeças contra o tempo

*(8 O tempo de espera também muda a perspectiva de um vidro 'chovido'... Captei no fim de semana)

Por Rafael Belo

Temos a capacidade irracional de ficarmos cegos – não de Amor porque o amor é tudo menos cego, antes disso, ele é um amplificador das qualidades – diante das pessoas e do mundo. Vemos a cidade, mas não enxergamos no meio de tanta massa e concreto o verde, o sorriso ou mesmo os males reais. Ficamos cegos para vermos quem somos ou nos tornamos e para nossas escolhas, posições, os outros e família. Colocamos em mente sermos inigualáveis e com a pele feita de aço vestindo uma falsa alegria sobre a amargura de parar de sonhar mecanizamos. Ah, espero sempre me livrar do fardo de não mais sonhar.

Ficamos surdos a tudo em volta e nossos pensamentos nos levam longe a uma ausência constante e não participamos das conversas e nos tornamos desatentos, mas a culpa não recai só para os ouvidos porque com a surdez vem a tecla mute e nos calamos consequentemente. Estamos mudos ou falantes demais, mas ativos de menos e como refletir e pensar realmente se nossos sentidos estão atrofiando enquanto enquadramos nossos ‘sentadores’ nas cadeiras mais próximas e confortáveis?

Faltando a audição não sabemos apreciar a música mais nem menos, apenas a ecoamos por nossas bocas feitos jingles promocionais quaisquer. Não percebemos sequer o momento da nossa programação passiva sem qualquer paixão. Não sentimos mais o gosto do diálogo, o sabor de ser ouvinte, o apreço de observar atentamente, de sentir um ar puro no orvalho de uma manhã ainda alvorecida das luzes e, então, o milagre da vida deixa de ser verbo perde sua e nossa poesia.

Assistimos e lemos cultura como se o recheio de indiretas e subentendidos fosse mero entretenimento e há tanta política, há tanta ironia e sarcasmos. Por isso, não é surpresa nossa mutação para cavaleiros e amazonas sem-cabeças porque costumamos mais perdê-la e ficar paranóicos com qualquer bobagem a sentirmos com cada sentido o acontecer do tempo. Exageramos tanto quantitativamente a sentarmos de olhar perdido e aparência carente para justificarmos nosso medo do tempo tiquetaqueando dentro e fora de nós.

2 comentários:

Jamylle Bezerra disse...

Oi Rafa!!!

Adorei as mudanças por aqui.

E essas últimas fotos hein? Dá pra fazer uma série Chuva/Água! Bacana demais!!!!!

Bom fds querido!

Belle disse...

Rafa, voltei!!!!
Pois é esse mundo tão "maquinado" está tirando das pessoas suas essencias... um bom papo.. a melodia de uma sinfonia...
Ah, que foto linda!!! show!!!
Como sempre, adorei seu texto, mto reflexivo!!!
bjosssss