segunda-feira, maio 28, 2012

Sopro de Brisa




Rio retorna ao mar interior
com o frescor das boas novas
brilhando na trajetória insólita
das curvas do curso do arpoador

Mediador marcando a terra com nosso sal
salpicado pela tese do tempo dobrado na dor

passageira de todos os pontos costurados pela Brisa

da boca do céu acalentando as feridas mentais dissipadas
pela pontuação leiga dos espirituais [bebendo da humildade do joelho a dobrar
nos pés lavados do outro pelas nossas mãos na fonte da Eternidade.



Rafael Belo, 28 de maio de 2012, Campo Grande, MS, às 10h25.

ps: Imagem captada no sítio da Fran - logo mais à tarde o áudio será inserido.

sexta-feira, maio 25, 2012

Constelação se reflete no rio corrente*




                     



Trilha - O Vento - Los Hermanos - áudio da crônica Constelação se reflete no rio corrente*

por Rafael Belo


Como se arrastam seis meses para quem quer muito algo e como correm para quem o tempo precisa ser reorganizado. Ainda bem... De alguma forma voltamos para o espaço criado por nós. Isto feito, sentimos a saudade de compartilhar formas e olhares do avesso. Assim, me sinto eu. Hoje sou um rio e um rio retorna com novas arestas. Novo, mas encorpado com toda a vivência regada ao longo das retas e curvas de uma marcação rítmica cantada pelo presente constante.


Não podemos nos ater a uma parte de quem somos, pois, ao mesmo tempo nos infiltramos com nossas águas pela terra passante e somos constelação recém-nascida, pronta para viver um novo infinito público/particular no querer o brilho inerente de todos, expandido além do olhar. Somos contemplação e vínculo. Saciados e sedentos de uma direção sussurrante ou gritada no nosso íntimo, nos nossos passos... Por uma pontuação de fim em nós é desconhecer a nossa nata abertura para reciclar e evoluir. Somos interrogação...


Pegar distância para olhar o caminho e lapidar o já adquirido é um ótimo trabalho de paciência. Mas há dor. Como seres sinestésicos – independente do grau –deixar seus prazeres de lado pressiona o pulmão até o ar ficar rarefeito, até precisarmos dar um pequeno passo e darmos um gigantesco naquela atmosfera lunar. Os detalhes passam por opção racionalmente, mas o restante do corpo pensante, ampliando os sentidos da alma, não deixa nada escapar, e como um filme decorado, vemos o passado ignorado direto do nosso refúgio na lua.


Sabemos da relatividade do tempo porque nós o somos. Podemos dobrá-lo e tudo acontecer simultaneamente mesmo em diferentes datas do calendário, podemos esquecer das marcações temporais e nos perder sem uma mínima rotina ou podemos organizar toda esta retidão escrita no horizonte referente tremeluzente do espetáculo da morte e nascer do dia. Os cães não têm noção de tempo, você pode sair um minuto ou um dia e a falta será a mesma para eles. Não é preciso ser complexo, escrever de formas poéticas ou rebuscadas, mas se assim estiver posto, o sentimento contido nas palavras se revela... Ou há sempre o dicionário e o “Doutor Google” para detalhar e ajudar a nos reconhecermos e levarmos a vida adiante no tempo proposto para cada um.


ps: é sempre bom voltar a este espaço que sou eu.

*( A imagem captei na escola santo antônio)