sábado, novembro 16, 2013

As flores eram espinhos (miniconto)

As flores eram espinhos (miniconto)

Ele girava e girava para parar e tudo continuar a girar. Aquele ponto escuro dentro de si se reconheceu em novas velhas monstruosidades na cobertura jornalista e tudo que ele queria era fingir que não. Que tudo não parara ali. Que, enfim, tudo continuava e Ele era bom. Simples assim. Como se tudo fosse bom ou mau. Mas, não. Não somos bons ou ruins. Somos seres complexos capazes de atos simples, porém, às vezes, nosso cerebelo e todo o resto do resíduo animal em nós. Se solta e todo o equilíbrio está perdido. Em uma ilusão todas aquelas flores viraram espinhos.

Sem admitir, todo seu corpo sorriu. Nem sequer era um sorriso comum. Eram daqueles sorrisos que discordam da expressão do corpo e das palavras saídas da boca. Aquele... Apenas mental. Um sorriso de dar medo e ele não assustou. No entanto, toda a multidão ao seu redor deixou de ver as novas velhas notícias estarrecedoras no telão. Uma iluminação estranha e particular parecia exalar dele. Todos o olhavam como se vissem um vislumbre do futuro e ele não era bom, nada bom. Pior. Era apavorante. Foi como... Na cabeça da multidão pareciam sussurrar palavras escuras e pesadas mesmo sendo apenas cinco. Ele foi apenas o primeiro.

Então todos correram menos ele. Não sairia dali sem ver o desfecho de mais uma sensacionalista cobertura sobre aquela série de assassinatos. Tudo ao vivo. Ele sabia que sabiam e negariam saber como sempre foi feito. Uma das palavras para definir pessoas era terríveis. Elas também são terríveis. Ao vivo. Todos os canais cobriram. Não acontecia mais nada nos veículos de comunicação. Nem na livre internet. Todos estavam vidrados naquelas mortes simples sem sentido aparente. Até siglas jornalísticas internacionais estavam naquela competição acirrada de furar o outro, de ser o primeiro.

Furar. Foi assim mesmo. Todos aqueles incontáveis corpos estocados com facas pequenas e afiadas. Alguns até acertaram serem adagas. Duas. Ele lembrava claramente de cada um dos assassinatos. Seus assassinatos. Quando conseguiriam descobrir serem pontos do chacra os lugares de onde todo sangue e energia esvaia? Os sete? Os primeiros três assassinados (ou livramentos, como ele dizia) deixavam um resíduo de culpa, mas - de alguma forma - ele sabia que eram culpados. Tinham feito coisas indescritíveis. Assim que o viam abaixavam as cabeças e tudo ficavm mais fácil. Os furos feitos exalavam algo hipnótico nele. Depois de um ano os outros incontáveis tinham sido simples, sem culpa, mas um escuro sorriso afetado em seu rosto... Jamais desapareceu. Nem mesmo quando viu toda a imprensa vir prendê-lo. Era uma histeria coletiva, ao vivo. Mais uma. Era o que ele esperava.

Nenhum comentário: