segunda-feira, maio 05, 2014

As aparências ganham por um tempo depois não enganam mais

por Rafael Belo

Por mais aparente clichê, ainda é verdade. As pessoas adoram se enganar pelas aparências. A beleza segue sendo a atração magnética mais forte do planeta, depois do dinheiro... Como a Lei da Gravidade. Se for com o mesmo peso ou mais leve não ficará no ar. Cairá. Nariz empinado sempre acaba quebrado. Mesmo naquele pedestal para quem tem traços nórdicos e simétricos, principalmente. Mas quem agrada a olhos condicionados também tem seu próprio pódio. Até o comportamento demonstrar ser possível provocar o contrário, provar o avesso. Quando isso acontece, as aparências não enganam mais.

A boa aparência nem sempre se revela uma casca vazia e lustrosa, seria preconceito dizer algo tão superficial. No entanto, poderia bastar uma estada nos nossos conceitos com duração indeterminada e algo começa a cheirar como um cadáver em instantânea decomposição onde, há instantes, ainda havia um corpo quente. Infelizmente, quando a falta de conhecimento era maior e as diferenças sociais eram mais gritantes e menos noticiadas, como mortes... Assim também era. Antes de nós e de toda nossa árvore genealógica. Evoluímos no conhecimento, na tecnologia, mas e na educação e consciência? Parecem banalizadas como o Amor. Assim com a maiúsculo mesmo porque o minúsculo se tornou uma virose, uma despedida depois de qualquer encontro.

Sabe? Como aquela conversa forçada, aquela visita inconveniente... Aquele mal-entendido... Aquele argumento inventado, oco... E o nariz começasse a mexer como se coçasse em um ponto inalcançável. Ou começássemos a cantarolar “Desde os primórdios até hoje em dia, o Homem ainda faz o que o Macaco fazia...”, evocando Homem Primata do Titãs? Comêssemos uma banana e nos tornássemos extraordinários ícones contra o racismo? Então, continuamos pobres assim, podendo sempre dizer: Ok! Te amo. Fingiríamos nada ter acontecido e descascaríamos os colhões, e todos os abacaxis, rasgaríamos as saias e continuaríamos endeusando atitudes simples (mais necessárias), machucando nossos orgulhos feridos...


Seguiríamos esquecendo Abdias do Nascimento (político e ativista social brasileiro, ícone da defesa da cultura e igualdade dos afrodescendentes no Brasil). Abdias viraria um viral, reviraria na sepultura, se transformaria em um Zumbi (dos Palmares) e experimentaria estes poucos cérebros escravos vazios da nossa sociedade. Fazendo tanto alarde nesta nossa espontaneidade programada. Neste nosso sincero planejamento de passos na nossa sociedade de exaltação do poder, glória, fama, do espalhar do tal glamour da beleza, da falsa inocência e do cúmulo da ignorância. Beleza? Acaba não sendo relativa. Ganhamos nossa própria relatividade e subimos na árvore de onde nasce o sol.

Um comentário:

Anônimo disse...

Seguimos assim....as aparências continuam enganando...mas acredito ainda em um mundo diferente onde os valores sejam outros. mamys