Bastou uma fração de segundo e
o fluxo estava obstruído. Carros batidos, corpos estendidos, motos, caminhões,
coletivos passivos em largas e estreitas ruas. Ativos na distração. Todos culpados
por afetação e indiferença aguda. Afetados pela endemia da pressa, agora não
iam a lugar algum. Foram obrigados a parar e bem neste momento não queriam se
distrair.
Bastava um minucioso olhar para
ver tudo interrompido. Parados gritavam e nem queriam entender. Não queriam
estar ali, eram movimentados, quase corredores, queriam chegar. Toda esta
vontade conjugada em uma educação inexistente estava passada no passado. Iriam esperar.
Como uma reação em cadeia, cada canto da cidade estava sem contorno.
Tão atravancadas as passagens
se mostravam. Rua, becos, calçadas, pontes e travessias congestionadas. Não passavam
pessoas quem dirá bicicletas. Se os sons grosseiros fossem tirados parecia uma
pausa. Estátuas vivas urbanas. Mas o silencioso é precioso demais para as
pessoas manterem e se acaso o tivessem não saberiam partilhá-lo, distraídas o
engasgariam com qualquer som.
Então, aquela imensa confusão
de transportes e gente parecia um leilão absurdo aonde quem entendia menos
ganhava mais e podia arrematar uma coisa qualquer pra si. A “paz” virou guerra
devido a um indigente, metido a inteligente, ter estacionado seu luxuoso carro
atravessado na rua... Simplesmente para conversar com um outro debruçado na
janela do motorista. Este não parava de falar, então olhando bem, tinha gente
de todo tipo no celular, voltaram a se distrair e a se desculpar... Estava tudo
de volta ao mesmo lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário