segunda-feira, outubro 13, 2014

Pequenos deuses – Rafael Belo


Sempre com um passo atrás e outro adiante ficamos congestionados como uma gripe maltratada retornando a todo momento e de tanta distração procurar, ficamos distraídos e doentes. Hoje somos a distração, somos a própria doença que combatemos constantemente achando sermos a resposta e a termos também, feito oráculos superficiais do tempo.

Proprietários de fragmentos de conhecimentos e informações temos ilusões de grandeza e de fato achamos dominar. Somos farmacêuticos, juízes, intérpretes e jornalistas. Indicamos os “melhores” remédios para qualquer dor, afinal temos todos o mesmo DNA, a mesma genética, enfim cada característica que nos diferencia na verdade não existe. Nos atropelamos nos acontecimentos...

Escorregamos na superficialidade dos fatos sem cronologia, sem antes ou depois... Quem dirá as consequências... E apontamos o dedo, culpamos, esbravejamos condenando seja lá quem for. Costuramos um fato aqui, uma ideia acolá e uma informação mais adiante e pronto temos provas taxativas para tachar qualquer situação, histórico e pessoa. Somos tão autossuficientes. Pequenos deuses...

Nós, então, interpretamos nosso tempo e sempre que o resultado é diferente daquele do qual tínhamos certeza e provas, não era bem assim e ganhamos o Oscar de melhores intérpretes, porque sempre com um passo atrás e outro adiante vivemos no limite da dor da nossa abertura abusando das nossas extensões tecnológicas.

Viramos parasitas delas e elas nossas hospedeiras. Olhamos para frente pela primeira vez e nos chocamos com os Cabisbaixos. Somos um deles. Vivemos na ansiedade dos próximos whattsapp e das próximas postagens. Tão famintos e sedentos a ponto da perda ou esquecimento do celular ser perder a nós mesmos ou basta cair o sinal.

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