quarta-feira, novembro 05, 2014

Demais (miniconto) – Rafael Belo

Eles estavam naquele quebra-cabeça, caso alguém esqueça não haviam peças iguais, ademais pessoas também não são, mesmos os menos sãos admitem: nem a relação apaga a personificação de quem seja. Gêmeos, então, procuram mudar a estética, a forma e o conteúdo, sobretudo querem ser diferentes, se destacar no meio da gente, se apelidando de multidão. As peças no fim completam, até à beça...
Umas para encaixar outras de encaixe, mas há quem ache que dois náufragos resgatados de continentes diferentes aceitem ser ilhas neste arquipélago repleto daqueles Estreitos de Bering mesmo se o acompanhamento mental for desigual na hora de comparar as peças, mas só porque não se pode comparar diferentes peças e era isso que eles compartilhavam: este pensamento. Talvez até dividissem os corações trocando um pedaço pelo pedaço do outro.
Bons selvagens quebrados pelos “constrangimentos sociais” revirando Rousseau pelo avesso em digitais, vendo o esforço dos oprimidos reprimidos pelo grito utópico das fronteiras em tópicos criadas na divisão entre escolha e obrigação. Unindo a Pangeia novamente como a Árvore da Vida com tantas raízes inseridas em galhos como pensamentos vagos por toda direção. Eles estão pagos pela própria floração.

Mas às vezes lançam suas redes tentando compreender quando ser social e quando ser individual, os extremos do pessoal e coletivo, são seres subjetivos, eles... O desenvolvimento intelectual foi passando de ano com notas mínimas empurrados para frente como se isto fosse preparo e quando não raro, eles abriam novas vagas e a interpretação ficava no limite. O palpite era sempre algo mais e só de vez em quando era demais...

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