segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Fragmentos tardios

por Rafael Belo

Vêm se repetindo nossas escolhas como história mal contada. Uma decoração inexistente de uma festa já sem sentido de ser comemorada porque já decoramos nossos atos, nossas falas e ... Nada. Continuamos a achar outros culpados pelos caminhos tomados por nós, pelos erros que cometemos no palco interpretados por eus imitações. Quem são estes eus? Temos papéis? Os misturamos? Nossa atuação não parece merecer aplausos, mas batemos palmas para não chorar dos preços subindo...

Vamos nos partindo em migalhas e rezando para ninguém comer o nosso pão, já que não o comemos e o utilizamos para marcar o caminho de volta... Há volta ou precisamos de uma reviravolta e começar algo novo? Somos fragmentos tardios assistindo ao telejornal, lendo as webnotícias e nos enchendo de clichês retornando a pergunta nunca feita em voz alta: como viemos parar aqui?

Não há outra maneira de pararmos em algum lugar a não ser por nossos próprios passos, mas não sabemos mais qual é o pé direito. Temos o direito de ficar calados até a água acabar, até a chuva chegar, até nos deixarmos enganar porque é mais fácil do que corrigir a coluna torta e seguir fingindo que a corrupção é recente como as guerras religiosas do outro lado do Atlântico...

Qual o próximo papel a ser interpretado? Quais as próximas máscaras quebradas no bolso bem na hora da ação? Somos próximos de nós mesmos ou ignoramos as mesmas cenas passadas diante dos nossos espelhos ou diante de tantos pedaços despedaçados diretamente nos nossos rostos enquanto George Orwell nos repete sua visão de futuro rindo dos nossos braços cruzados: se queres uma visão do futuro, pense numa bota pisando um rosto humano – para sempre. Então, o fazemos. Inclinamos a cabeça por entre as frestas que nos impedem de ver e lambemos nossas feridas ao invés de nos fortalecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

"inclinamos nossas cabeças....."porque é mais fácil...contestar para que? ....para quem?.... perfeito o texto. Mamys