segunda-feira, março 30, 2015

Do outro lado


por Rafael Belo

Do outro lado da rua espreita o desconhecido e deste lado também. Às vezes o medo se esconde de nós mesmos, mas não nos deixa. O problema não é ter medo, este não é ruim pois nos deixa alerta, atentos a tudo e pode nos salvar. No entanto, temer outra pessoa é prisão. Já ouvi o grandioso sonho de alguém que mora nas comunidades e é simplesmente não temer outro ser humano apenas por este estar passando na mesma rua.

Esta é uma sensação generalizada mesmo em quem causa medo porque o sente ao extremo também. Criamos uma bolha de ausências e não sabemos mais sair ou permitir vivas presenças. São tantas aparências criadas, imaginadas que podem acabar na mais leve brisa ou com um cumprimento. Há um terrorismo social fantasiado por toda parte, sobretudo midiático.

Assim, o coração constantemente cala acelerado, alterando a respiração e a dilatação das vistas, mas quem em sã consciência confia no desconhecido? Não é tratar diferente ou com deferência, é simplesmente não julgar. Dar oportunidade para conhecer porque tudo nos é desconhecido até o contrário acontecer. Isto só acontece com o tempo.


Com o tempo poderemos deixar de temer outro ser humano pelo uso inverso de suas capacidades. Usaremos o medo como nosso aliado, não o banindo mais entendendo o motivo dele estar ali e deste também ser relacionado com nossos poderes. O que podemos ou não fazer ou melhor o que devemos ou não fazer está na fragilidade da nossa confiança em nós mesmos. E como fazer algo sem realmente confiar?

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