por
Rafael Belo
“A síndrome de
vira-lata sofre de esquizofrenia e oscila por várias raças caninas até a síndrome
de Mastim Tibetano, ou seja, varia de valor nenhum a 1,5 milhões de reais. De pobreza
brasileira a status social na China...” é interrompido o pensamento de mais um
anônimo por uma gritaria familiar a qual só pode ser identificado: “Nunca nada
é bom o suficiente para você”, esbraveja Leozinho desrespeitoso para a mãe.
Esta superprotetora
escolhendo e proibindo lugares e amigos de Leozinho, o cobrando o tempo o tempo
todo resultados do investimento feito durante longos e briguentos 17 anos. Não teve
carinho, atenção, presença, exemplo... Então, em quais esconderijos estavam a
vida escolhida dela naquele filho bonzinho em dívida dos “pedidos” diários de
sucesso?
Recolhendo as máscaras
do chão eles se atacaram. Filho único contra mãe abandonada. Deu choradeira e
rebeldia nas possíveis etiquetas na nunca. Rostos dos mais variados na mesma
pessoa representavam uma paralisia social diante dos pensamentos sobre casais
do mesmo sexo, moradores de rua, cidadãos sem cidadania forçados a viver em paupérrimas
periferias, igualdade entre homem e mulher, respeito ao próximo... A paralisia
transitava entre o sorriso e o ódio eterno nos lábios de Monalisa.
Escorregava da generosidade
e simpatia para a antipatia e a proibida palavra preconceito. Uma fila de
intermináveis 45 minutos de expressões para disfarçar a quantidade de
julgamentos recheados das mais variadas camadas sociais. Leozinho desculpado
pela adolescência e pelo “resultado” da criação, a mãe desculpada pelo duro
trabalho de fazer tudo sozinha. Mas, a linha tênue sempre arrebenta e faz as
cicatrizes maquiadas aparecerem.
O choro borra tudo e
turva a visão insegura nas fissuras dos caráteres misturados com os caracteres
e no fim um é o outro no desabafo revelador. O anônimo divagador volta a pensar
e pensa na falta de caráter de alguns mundos, olhando a interminável cena...
Não há caráter nem em mãe nem em filho, quem dirá... Onde Leozinho (neste
momento todos sabem o nome do adolescente) moldaria seu caráter, seus valores
(não, não... nada de cifras).
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