domingo, maio 24, 2015

Cozinhando a rã (resenha)



por Rafael Belo
Só sons significam algo para quem não vê, mas apesar da cegueira generalizada mundial e do tatear das mãos para formar imagens na cabeça, as tonalidades e nuances elaboradas pela voz trazem os detalhes entre uma vogal e consoantes ao meio de uma palavra e outra completadas pela visão do que o corpo diz. Trazer estas minúcias em palavras é de uma riqueza rara a nos levar para onde for.

Ler Toda Luz Que Não Podemos Ver é fazer parte do lançamento de um clássico com frases tão bem pensadas e relacionadas trazendo a certeza de que amanhã será parte dos diálogos cotidianos das pessoas. Anthony Doerr presenteia o mundo com esta obra-prima tratando um tema tão exaurido de uma forma inédita e em uma leveza condutora de uma cabeação condutora da mais leve a mais alta voltagem.

São 526 páginas com aquele sabor de 100, de quero mais. O capítulo A Rã Cozinha traduz toda a essência do livro em um trecho final onde Madame Manec nos oferece uma retórica: “Sabe o que acontece quando se coloca uma rã em uma panela de água fervente? Ela pula para fora. Mas sabe o que acontece quando você coloca a rã em uma panela fria e então lentamente põe a água para ferver? Sabe o que acontece? – A rã cozinha.

Um bom livro nos oferta tanta sabedoria que não esquecemos, ele nos ilumina, nos ensina a valorizar novamente e mais uma vez faz a imagem do que poderíamos ser e não há como terminar esta resenha sem citar algo novamente parafraseando Doerr: quando homens em situação limite aceleram o coração, caramujos na mesma situação o deixam mais lento. Marie-Laure foi limitada até os seis anos quando apenas via o mundo, depois ficou cega e passou a enxergar... Werner nunca deixou de aprender, ser curioso e sonhar... Se há algo que vale a pena ler é Toda Luz Que Não Podemos Ver.



TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER
1ª edição Março de 2015
526 páginas
Autor Anthony Doerr
Editora Intrínseca
Tradutora Maria Carmelita Dias
Copyright 2014
Título original

ALL the Light We Cannot See

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