sexta-feira, novembro 06, 2015

Aquela fresta (miniconto)


Dona música olhava pela fresta e lá embaixo o sr. Canção admirava aquele pequeno vão onde os olhos dela enxergavam liberdade. Ambos pensavam neste momento como a mais bela melodia. Ainda não era nem deixava de ser. Algo entre um minuto e outro, as pausas e os sons, os jogos entre os silêncios...

Era uma junção sem fim de coisas boas palpitando no olhar de ambos e cantando no ouvido da vida. Na verdade, os dois gostariam de ouvir outro “entre”. Eles possuíam uma paixão equivocadamente platônica um pelo outro. Ele gostaria de ouvi-la dizer entre sem bater e ela desejava dizer que entraria com prazer entre o olhar dele e a imensidão.

Enquanto a melodia desafiava, desfiava e desfilava diante da imaginação de ambos, aquela fresta ficava sem dimensões se expandindo feito o fim de uma estrela, ou seja, um buraco negro os estava sugando para a mesma direção. Dona Música e sr. Canção temiam não ser uma boa dupla, mas temiam mais a desilusão.


Então, a boa e velha Serenata baixou no sr. Canção e a fresta de ambos já passava de uma janela quando chegou também o sereno e a noite. Pronto! O ambiente estava perfeito. Música dispensou o dona, Canção o senhor, a melodia agora era cola e a Serenata não faltava mais para fazer o Amor cantar e virar trilha sonora contagiando um festival de novos casais.

Um comentário:

Anônimo disse...

.....virar trilha sonora contangiando novos casais!"