Por Rafael Belo
A luz natural tinha chegado ao fim, mas o horário de verão
ainda não roubaria uma hora da vida de Holane Hara. Ela precisava caminhar e,
mesmo com todos os alertas de perigo, foi sozinha. O problema era Holane não
querer ir para casa encontrar ninguém. Ela morava só e estava cansada de ser sempre
precavida. Não queria mais prever e se prevenir contra nada. Concentrada em
pensamentos saiu sem rumos e sem atenção...
Por que este som? Uau! Uma multidão ocupando toda a calçada e metade da
rua. Estão todos nus...! Uma multidão nua...! Não estão exatamente desorganizados.
Estão em um círculo ou algo assim... Mas o que significa tudo isso? Estão com símbolos
pintados... Um são exatamente 50 pessoas e os desenhos não se repetem. Hum! Tem
algo escrito, mas escondida aqui não consigo enxergar... Cadê meu celular? Ufa!
Aqui! O zoom da câmera...
“Fora Rose”, “Fora Marquinhos”, “Fora todos”, “Fora vo...” Epa! Como
assim? “Fora você que está espiando...” Não! Preciso sair daqui! Antes...!
Tarde demais! Estão me olhando... Que sorriso estranho! Vou ligar pedindo ajuda
antes... Me cercaram! E Agora??!! Meu celular não funciona... M....! Acabou a
bateria! Mas, isso não é um filme de terror nem um pegadinha... Ou é?! Não há
som nenhum, só um pesado silêncio... São todos mudos...!!!!!
Eles se mexeram! É agora!! Corre, corre, corre, corre corre corre... Onde
estou? Não tem iluminação nenhuma! Espera!
Tira a mão de mim! TIRA!!! Por que esta escuridão??!! Onde estão minhas coisas? Mas como...?
Como...?!! Espera aí!!! Não! Não não não não não!! Minhas roupas!! Onde estão
minhas ROUPAS! Eu não deveria estar sentindo frio?! Mas o que está acontecendo
afinal? Será que foi isso que aconteceu com eles? Sinto-me estranha... Sinto-me
fora de mim... Não consigo mexer a língua, meu raciocínio... Lento... Sinto-me
uma flor atrás de outra flor...! Há um instinto de seguir, de coletivo, de
despir, de desnudar todas as velhas opiniões sobre tudo...
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