quarta-feira, novembro 01, 2017

Quando abriu os olhos (miniconto)






por Rafael Belo

Parecia haver uma divisão nela. Era como olhar para uma janela de possibilidades e acabar em uma paisagem refletida em um rio. Ela causava um arrepio gostoso anjo caído, arcanjo modelo... Havia algo nela de intrigar qualquer sujeito ou sujeita. Não era a beleza física dela o motivo da atração, havia um forte imã saindo daquelas mãos, daqueles insanos olhos livres de um oceano incerto. Era de um ciano denso confundido com nuvens carregadas, mas ela ainda assim era leve... Entender? Quem disse algo sobre entender?

Saia dela tanta sonoridade como uma sororidade reversa. Ela era jazz, blues, música clássica, uma aquarela transitando uma dança de olhar com um sorrir desavisado. Isto provocava uma libertação, uma sensação inesperada para os contaminados. Ah, sim! Porque todo mundo estava contaminado com aquela força da natureza. Queriam saber o nome dela. Enfatizavam: “A” Mulher. Diziam: “Mulherão”. Afirmavam: “Mulheraço” e não havia espaço para nada além de elogios e adjetivos bons. A Mulher um Tornado. O Tornado não detectado por nenhum centro climático, jamais apareceria na previsão.

Ela sorria e olhos fracos cegavam. Vestia O vestido vermelho frisado tão forte e delicado... Com o vento acompanhando dedicado. Seus traços eram condensados e cada um dizia ela ser aquela mulher ideal particular com o machismo de cada um no lugar. Alguns homens diziam ser a Sedução, outras mulheres afirmavam ser Desejo. Ela não poderia ser uma projeção coletiva, poderia? Estaria acontecendo uma histeria coletiva tão intensa assim? Seria possível? Há quanto tempo as pessoas a seguiam a meia distância?


Quando ela parou. Houve uma ânsia. Houve primeiro um início de burburinho cortando aquele silêncio levando o ar de todos, mas não foi possível o corte e tudo ouvido foi um suspiro de uma multidão impressionada. Ela estava descalça e aqueles pés... Ah, aqueles pés...! Revelaram-se em uma fenda sensual e os olhos dela estavam fechados o tempo todo. Ninguém ousou se aproximar. Ela não parecia ser deste planeta. Um palco estava montado naquele ponto alto e central da cidade. Ela subiu sentindo cada partezinha do corpo de costas para a multidão. Voltou-se de frente e quando abriu os olhos a música começou a tocar.

3 comentários:

Unknown disse...

Que lindooooooooooooooooooooooooooooooo❤❤❤❤❤❤❤

O tudo numa coisa só disse...

Uau��

olharesdoavesso disse...

Obrigado Wal!! <3 e Obrigado para O tudo numa coisa só.