por Rafael Belo
Parecia haver uma divisão nela. Era
como olhar para uma janela de possibilidades e acabar em uma paisagem refletida
em um rio. Ela causava um arrepio gostoso anjo caído, arcanjo modelo... Havia
algo nela de intrigar qualquer sujeito ou sujeita. Não era a beleza física dela
o motivo da atração, havia um forte imã saindo daquelas mãos, daqueles insanos
olhos livres de um oceano incerto. Era de um ciano denso confundido com nuvens
carregadas, mas ela ainda assim era leve... Entender? Quem disse algo sobre
entender?
Saia dela tanta sonoridade como uma
sororidade reversa. Ela era jazz, blues, música clássica, uma aquarela
transitando uma dança de olhar com um sorrir desavisado. Isto provocava uma
libertação, uma sensação inesperada para os contaminados. Ah, sim! Porque todo
mundo estava contaminado com aquela força da natureza. Queriam saber o nome
dela. Enfatizavam: “A” Mulher. Diziam: “Mulherão”. Afirmavam: “Mulheraço” e
não havia espaço para nada além de elogios e adjetivos bons. A Mulher um
Tornado. O Tornado não detectado por nenhum centro climático, jamais apareceria
na previsão.
Ela sorria e olhos fracos cegavam. Vestia
O vestido vermelho frisado tão forte e delicado... Com o vento acompanhando
dedicado. Seus traços eram condensados e cada um dizia ela ser aquela mulher
ideal particular com o machismo de cada um no lugar. Alguns homens diziam ser a
Sedução, outras mulheres afirmavam ser Desejo. Ela não poderia ser uma projeção
coletiva, poderia? Estaria acontecendo uma histeria coletiva tão intensa assim?
Seria possível? Há quanto tempo as pessoas a seguiam a meia distância?
Quando ela parou. Houve uma ânsia. Houve
primeiro um início de burburinho cortando aquele silêncio levando o ar de
todos, mas não foi possível o corte e tudo ouvido foi um suspiro de uma
multidão impressionada. Ela estava descalça e aqueles pés... Ah, aqueles pés...!
Revelaram-se em uma fenda sensual e os olhos dela estavam fechados o tempo
todo. Ninguém ousou se aproximar. Ela não parecia ser deste planeta. Um palco estava
montado naquele ponto alto e central da cidade. Ela subiu sentindo cada
partezinha do corpo de costas para a multidão. Voltou-se de frente e quando
abriu os olhos a música começou a tocar.
3 comentários:
Que lindooooooooooooooooooooooooooooooo❤❤❤❤❤❤❤
Uau��
Obrigado Wal!! <3 e Obrigado para O tudo numa coisa só.
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