segunda-feira, dezembro 25, 2017

Mesmo este distante







por Rafael Belo


As tradições são criadas conforme a necessidade e poucas coisas necessitamos mais que a família. Pode nem ser de sangue, mas conforme o tempo passa encontrar a própria família vai ficando difícil. Nós nos distanciamos, brigamos, magoamos ou simplesmente nos perdemos nas nossas ocupações, porém, amando ou desamando, perto ou longe, ocupado ou desocupado nesta esta época do ano onde o coração pede mais, a alma clama paz e até a mente cheia de manias quer Amor...

Queremos mais de nós mesmos e do outro. Ainda mais se este outro for dos nossos e de uma importância alarmante na vida. Mãe, pai, irmãos, irmãs, tios, tias, sobrinhos, sobrinhas, avós, avôs... Para quem tem a sorte de os ter ainda. Eu já não tenho mais pai e avós... Não aqui em carne e osso, mas a presença deles está na minha memória, na minha história, em muitos pensamentos e muito além de palavras: eles fazem parte de quem me tornei. Não que um dia me pertenceram ou de alguma forma eu tive posse deles... Não! Eles estavam sempre dispostos a me ensinar, a me ajudar...

Há um carinho diferente, um Amor denso e profundo... Sobretudo o exercício do perdão e da paciência. Eu tenho um segundo pai amado tanto quanto o primeiro e ele é meu cunhado, marido da minha irmã mais velha. Conhece-me desde sempre. O amo como amo minha mãe, minhas irmãs e meus sobrinhos... Da minha mãe será preciso uma semana específica para falar...  Há também meus primos. Devo ter dormido na casa de todos durante um bom tempo da minha vida. Eu era um tipo de coringa familiar que tentava estar com todo mundo que tinha algum vestígio de laço sanguíneo.


Hoje já não faço isso. Mas, tento. Quero estar com todos do meu sangue e os meus amigos. Para mim são todos irmãos. Todos família. Talvez uma função do Natal sempre tenha sido esta de nos lembrar nossas origens, nossas possibilidades, a importância das pessoas e de relevar as pequenas coisas. A gente pode nascer de novo, pode aproximar pela primeira vez, reaproximar desarmados até de palavras e ser uma Luz livre sentindo uma iluminação constante para poder iluminar também. Somos bem mais do que a gente imagina. Podemos acreditar na gente e no próximo mesmo este distante.

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