sexta-feira, dezembro 22, 2017

Vou mergulhar (miniconto)







por Rafael Belo

Estou aqui disposta no meio desta multidão de estranhos. Não vou esconder nada mais. Mas, alguém me diga como vim parar aqui... Deixa eu pensar... Eu sai desta caverna subaquática depois de horas me distanciando na cachoeira e oi?! Não, não estou falando com você?! Não, não estou falando sozinha! Estou falando comigo mesma... Sai pra lá. É por isso que me escondia... Não tenho paciência para isso... Não há paz nos roles... Não há liberdade para as mulheres! Enfim, eu sai e caminhei sem rumo.

Ouvi meu nome diversas vezes sem me importar. Fui apressando os passos porque na verdade havia um objetivo ali, uma missão.  Eu era uma redução, um rascunho... Negando minha imensidão... Não devia preocupar ninguém... Sério? Cada um escolhe com o que se preocupar. Eu devia tanta gente e tanta coisa, mas decidi ignorar. Esconder-me era mais fácil, evitar, não falar e de que adiantou? Olha onde estou? Veja como estou perdida?

Sei que ninguém lê textão mais. Sei lá se é bode, se dá ruim, se é preguiça... Mas como você continua a ser eu, nós nos entendemos. Você nem se lembra de ter escrito isso. Sabia que esqueceria porque gostaria de esquecer, mas é preciso lembrar que alguns silêncios são nocivos e outros fatais! Não retroceda, não recue... Não somos as mesmas mais, é verdade! Eu sei, a diferença foi feita, mas nunca é o suficiente. Só não perca tempo porque não há tempo perdido, no entanto nem tudo tem um motivo.

Esta coisa de aconselhar a si mesmo é tão batido, batida... A única coisa a ser batida somos nós mesmas e eu quero é mais estar bem, não só... Claro que há coisas que ninguém mais entende, mas a gente se rende para continuar, mas não para ser menos, isso nunca! Nunca mais! Vou cultivar minha calma, ser uma nova alma e me dar a paz. Eu sou mais. Sinto a felicidade bem aqui e você também pode sentir. Não hesite de falar consigo mesma e se ler. Este lugar maravilhoso também tem mar? É verdade... Vou mergulhar!

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