sexta-feira, fevereiro 09, 2018

No ritmo da liberdade





por Rafael Belo
A noite não havia acabado como eu tinha pensado e sentido. Ao não pensar em mim ele não me atingiu totalmente e não era aquele abuso, aquela total violência capazes de me afastar e me tornar agressiva também. Não. Mais pessoas estavam na pista. Todas elas vieram até mim e pediram permissão para me tocar. Aquela energização me renovou.

Eu de imediato senti o poder que deveria sempre sentir. Abracei-o imediatamente. O olhei nos olhos e o permiti me tocar. Eu o conduzia ele me conduzia a música boa conduzia o som dentro da mente nos conduzia… Aquela magia contagia e todos estavam contagiados. Não era preciso abrir os olhos daquela dança. Era possível respirar o que estava acontecendo, era possível sentir e enxergar o movimento de todos sincronizados e ao mesmo tempo em uma dissincronia enorme, avassaladora, esmagadora de tão intensa e mesmo assim os passos estavam no ritmo da liberdade…

Estávamos dançando. Flutuando na pista. Tecíamos um rastro de estrelas. Fazíamos um novo universo no verso de cada poesia declamada em movimentos. Estrelas que somos, até parecíamos cadentes, mas subíamos e descíamos em um constância viva latente. Quem via prendia a respiração, adentrava em um espetáculo envolvente viajando em um universo expandindo e retraindo como um coração lidando bem com todo sentimento.

Este sentir intenso percorria aquele momento interminável e de repente há uma pausa, um abraço de corpo inteiro e a vida arrepia. Toda a pele eriçada depois da alma pulsar além da existência. Não há aparência. Toda a essência dança em estado de graça. Nada mais passa em vão. Estão todos em catarse. Foi dada a permissão para o toque ser gentil e cada par servil a própria canção.

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