segunda-feira, abril 02, 2018

A superação



por Rafael Belo
Uma palavra pode ter tanto impacto na nossa vida, abalar nosso emocional ou fortalecer nossa mente, não é? Uma ação extrema pode ser um exagero ou um simples superlativo, que de simples nada tem. Mas, a palavra mais gasta e, ainda assim, forte no nosso cotidiano é a tal superação. Podemos ver como a separação da palavra em super e ação: Uma super ação. Não deixa de ser, certo? Sairmos de uma situação difícil em vários sentidos, senão em todos, e dar a tal volta por cima é uma ação e tanto. A origem desta palavra não está tão longe disso. Vem do latim  superatio - ato de elevar-se; de passar por cima. É o nosso cotidiano.

Somos preparados para uma constante superação. Tanto a ponto de tudo ser competição e não aceitamos derrotas. Transformamos a derrota, a perda, o insucesso em um caminho para a vitória. Queremos sempre ser melhor, superar, nos superar, ser superior a ou melhor do que… Bem diz o dicionário. Pensando assim podemos mudar a espécie Homo Sapiens para  Homo Superatio, pois superamos tudo, não é mesmo? Estamos quase alçando a alcunha de superseres… Ao menos tecnologicamente, imaginariamente estamos indo longe. Mas e quanto nossas migalhas caindo no caminho?

Não somos preparados emocionalmente para nada nesta vida. Porém, nos enganamos tomando tal atitude. Treinamos, estudamos, escutamos (quase nada), mas quando caímos derrotados nem sequer temos a chance de sentir algo diferente da derrota como se a vida fosse um esporte esperando a gente no mais alto pódio… Por isso, nossa maturidade emocional está a alguns abismos de distância da mental. Esta também podemos esquartejar e concluir que ainda engatinhamos em muitas áreas mentais. Apenas porque assim que caímos brotam do limbo da vida dezenas de soluções imediatas normalmente substitutivas ou medicinais.

Penso ser tão paliativo que quando nos deparamos sozinhos até sabemos o que fazer, mas lidar com o turbilhão de sentimentos emoções em guerra no nosso peito causa um desequilíbrio evidente. Queremos tomar a pílula da alegria diariamente com a receita tarja preta do sucesso e até o momento ainda somos seres dissociativos repletos de distúrbios devido a este distanciamento da razão e da emoção. Vivemos em confusão e carência porque queremos superar desesperadamente quaisquer coisas taxadas de derrotas e isto cobra o preço no imposto diário da vida que poderia exigir nossa simples presença, mas exige o mínimo: nossa atenção. Você sente esta superação?

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