sexta-feira, abril 13, 2018

O tempo é meu (miniconto)




por Rafael Belo

Eu viajei naquele som. Pior que nem ouvi a letra, mas aquele ritmo constante me levou embora. Não. Espera! Na verdade me trouxe de volta. Nem sei onde estava, mas me sentia desconfortável com meu corpo. Não habitava minha pele, mas quem habita? Bom, agora eu. Eu hábito minha pele, minha mente, meu corpo, preencho meu coração e elevo minha alma… Estou consciente de cada pedacinho de mim. Nunca me imaginei assim. Surpreendendo-me com minha força.

Meu Deus. Nossa Senhora dos Rolês. Como eu era pesada. Não estou falando do bacon aqui, não. Eu tinha uma energia pesada e era insegura. Se o que estou sentindo agora é ser leve, quero isso para a vida. Me sinto invencível. É óbvio que não sou. Sou mais uma mulher tendo que se provar, provar para o mundo o quanto venço diariamente e é só mais um dia na minha vida. Desconectar e, principalmente, desconectar do passado dá uma sensação de perda, mas é o contrário … É tipo o avesso, do avesso do avesso…

Não seria aquela outra ela mais. Deus me livre! Que eu drible este passado morto adorador de me assombrar. Não permito mais. Vai de reto. É. Sou ansiosa, mas aprendo. Vou meditar toda hora que der. Limpar a mente o quanto for possível. Me deixar acessível ao subtom do universo. Este verso subliminar, no ar, audível só para quem consegue parar, calar, fechar os olhos e ir. Eu explico assim meditação. Sinto-me no controle, nada mais justo. Meu centro não pertence a mais ninguém.

Absolutamente nenhuma pessoa vai me desequilibrar mais. Sou meu porto, meu cais, meu barco, meu oceano… Ah, como sou plena assim. Minha respiração é minha guia e eu quero ouví-la. Quando dou por mim sou meu coração pulsando e expulso um qualquer a me atrapalhar mesmo se for eu. Eu me sinto conversando com o silêncio e toda esta imensidão despercebida. Estou envolvida e posso me desenvolver quando bem quiser. O tempo é meu!

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