por Rafael Belo
Eu escuto a claquete o tempo todo. Ouço o som da
diretora gritar e estou pronta. É ação! Aí quando estão valendo eu paro tudo e
me observo! Não importa o que diziam os Paralamas do Sucesso: eu entendi sim!
Minha vida é uma filme! Eu rodo - isso quer dizer que sou a diretora -, eu sou
coadjuvante, eu sou a atriz principal, sou a produtora também. Quer dizer, se o
Jackie Chan fosse uma mulher seria eu. - Ninguém conhece estas referências mais ou sequer o significado de paralamas... A palavra sucesso foi abolida por provocar alguns impulsos repulsivos e - mudei de assunto para variar. Eu também não preciso de dublês. Minhas cenas
eu produzo, dirijo e atuo tranquilamente... Bem próximo disso se quiser dizer apavorada.
Eu me conheço bem. Cada músculo meu grita e trava.
Aí viro uma draga e como todo carboidrato,
proteína... Tomo toda a cafeína e repasso todas minhas cenas de novo. Quando termino
minhas cenas garanto estar aí sim pago. Então, algo estranho acontece... Sempre
acontece algo estranho! Enfim, eu volto tudo. Vivo no meu labirinto sem fim de
insatisfação. Eu me conheço bem, sei que não sou uma ilusão até pintar a
dúvida, aquela crise existencial e caio na pira Matrix... Será que alguém da
minha geração já assistiu esse filme? Porém só o primeiro! Cara! Eu piro e...
Mudei de assunto, para variar! Já não
sei se existo ou quanto tempo vai durar desta vez...
Está realidade é tão irreal, tão ingrata... Tem
gente que mata e lá vem a claquete inconsciente de novo. É fato ter tanta coisa
possível de refazer, de refilmar, de reviver e, enquanto eu não me resolver,
nada adianta. Eu sei! Eu me conheço! Eu avanço tão rápido quanto recuo e acho
ser a única, mas no fundo eu nego ser só mais uma assim. Perdendo a chance de
viver por temer doer... Cara! Eu sou hipócrita! Eu posso dizer este palavrão
esta hora? Não! Nenhuma! Nossa que autocensura ferrenha! Todos têm os meus
problemas e eu tenho os mesmos problemas de todos... Só não admito nem
reconheço... Nesta redundância... Quantos vícios eu tenho?
Eu faria todo o possível para sobreviver? Hum! Já
fiz esta cena antes ou foi depois? Agora duvido da minha dúvida... Os Paralamas
do Sucesso podem ter razão: A vida não é um filme e eu não entendi. Ninguém vai
vir aqui e eu preciso sair. As pessoas só reclamam do meu labirinto porque não
sabem do delas. Eu me conheço! Sei que acho que elas não sabe e só eu sei! Este
set só funciona no escuro ou à noite. Esta locação mental é efêmera... Quis
dizer: É temporária. Preciso devolver. Talvez na próxima eu pego uma que se
conheça e seja bem sucedida. Ei! Vocês têm dessas para emprestar? Como assim
tem fila para quantos anos? E só a partir de um ano contando agora começa a
lista de espera? É! Eu sei! Elas não se deixariam pegar, não se venderiam nem
emprestariam...Estariam aqui e fariam algo e ok?! Pode me avisar quando estiver
disponível???!!
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