por Rafael Belo
Eu tinha certeza estar dormindo, mas despertei. Não me assustei nem nada.
Respirei fundo e me preparei para sentir frio. Havia um tipo delicado de flores
pequenas interligadas como um calhamaço único espalhadas pelo chão e acima dele.
O aroma era puro. Não me lembro de ter respirado algo assim antes. Havia perfume
que me fazia sorrir e irradiar ao mesmo tempo... Faz-me... Estou falando no passado, por quê? Onde
eu estou? Não me sinto mais como me sentia. Daqui é possível ver todas as
cidades, mas como isso não é impossível?
Sinto energia pura aqui. Tudo é! Simplesmente! Não requer explicação. Meus
pensamentos estão em sincronia com o universo. Sou verso, reverso e cada
conexão capaz de criar o sentimento. Eu sinto tanto e toco tudo sentido. O corpo
é uma vitrine vibrando com o tempo. Ontem e amanhã são o mesmo de hoje. Sou quântica
como cada partícula da existência, meu pensar tem influência em tudo ao meu
redor. Isto é vibrante. Eu vibro com isso. Não quero fazer sentido nem procurar
sentido. Agora só sinto e fluo.
É tanta intensidade derramada nesta correnteza sem fim de energia que se
eu fizer movimentos muito bruscos posso mudar cada coisa ou destruir tudo. Eu sou
criadora. Estou na Matrix do todo? Eu enxergo níveis de vibrações diferentes
como uma indolor corrente passando em tudo sem se prender em nenhum lugar...
Quando voltar a dormir ficarei obcecada por este espaço. Isto é alguma
intervenção me pedindo equilíbrio? Há tipos de arco-íris aqui que eu não
conseguiria imaginar... Nossa! É assim se sentir tão consciente?
Esta tal dissincronia dita por aí é parte da sincronia, então de alguma
forma toda dissonância é consonância e no final cada próximo capítulo depende
do fim do anterior... Se eu não terminar nenhum capítulo acontece ... Exatamente
o que anda acontecendo: o mesmo há tanto tempo.Coisas óbvias assim não passando
de pensamentos e palavras ao vento são constantes, mas imagine se tiver a
realização junto, a ação em si... Eu estou parecendo um livro de auto-ajuda
pedante para mim mesma, falando sozinha e tudo mais. Melhor eu me entorpecer de
novo, adormecer e ter certeza de acordar, mas dormir naquele mesmo velho lugar
onde chamo de lar.
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