sexta-feira, maio 25, 2018

Onde chamo de lar (miniconto)







por Rafael Belo

Eu tinha certeza estar dormindo, mas despertei. Não me assustei nem nada. Respirei fundo e me preparei para sentir frio. Havia um tipo delicado de flores pequenas interligadas como um calhamaço único espalhadas pelo chão e acima dele. O aroma era puro. Não me lembro de ter respirado algo assim antes. Havia perfume que me fazia sorrir e irradiar ao mesmo tempo...  Faz-me... Estou falando no passado, por quê? Onde eu estou? Não me sinto mais como me sentia. Daqui é possível ver todas as cidades, mas como isso não é impossível?

Sinto energia pura aqui. Tudo é! Simplesmente! Não requer explicação. Meus pensamentos estão em sincronia com o universo. Sou verso, reverso e cada conexão capaz de criar o sentimento. Eu sinto tanto e toco tudo sentido. O corpo é uma vitrine vibrando com o tempo. Ontem e amanhã são o mesmo de hoje. Sou quântica como cada partícula da existência, meu pensar tem influência em tudo ao meu redor. Isto é vibrante. Eu vibro com isso. Não quero fazer sentido nem procurar sentido. Agora só sinto e fluo.

É tanta intensidade derramada nesta correnteza sem fim de energia que se eu fizer movimentos muito bruscos posso mudar cada coisa ou destruir tudo. Eu sou criadora. Estou na Matrix do todo? Eu enxergo níveis de vibrações diferentes como uma indolor corrente passando em tudo sem se prender em nenhum lugar... Quando voltar a dormir ficarei obcecada por este espaço. Isto é alguma intervenção me pedindo equilíbrio? Há tipos de arco-íris aqui que eu não conseguiria imaginar... Nossa! É assim se sentir tão consciente?

Esta tal dissincronia dita por aí é parte da sincronia, então de alguma forma toda dissonância é consonância e no final cada próximo capítulo depende do fim do anterior... Se eu não terminar nenhum capítulo acontece ... Exatamente o que anda acontecendo: o mesmo há tanto tempo.Coisas óbvias assim não passando de pensamentos e palavras ao vento são constantes, mas imagine se tiver a realização junto, a ação em si... Eu estou parecendo um livro de auto-ajuda pedante para mim mesma, falando sozinha e tudo mais. Melhor eu me entorpecer de novo, adormecer e ter certeza de acordar, mas dormir naquele mesmo velho lugar onde chamo de lar.

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