por Rafael Belo
Cada pedacinho de mim arrepiou. Veja! Olha só! Tive que sentar. Parecia que
todas as estrelas estavam na mesa. O medo saiu atropelado, inocente diante das
possibilidades dos riscos, dos dias atribulados substituindo o tempo
aproveitado, do tempo escasso impedindo de aproveitar os frutos de tanto
trabalho... Foi a primeira vez em - sei lá contar esses meses passando tão
rápido – que não pensei, não julguei, não planejei, não projetei o futuro nem
despertei o passado e era só ação e reação. Desde então...
Tenho uma culpada e uma cúmplice diária. A liberdade. Ela me surpreende
quase na mesma proporção do susto. Vou no impulso sem arrependimentos, rasgando
cada desculpa, me livrando de toda explicação e este sentimento livre de me
pertencer bem surpreendente por mim mesma. Eu moro em mim. Eu sou meu lar. Não preciso
me explicar, me matar de trabalhar e eu já sabia. Mas, saber e ser é tão diferente
quanto parecer e estar... E vou recomeçar quantas vezes for necessário, não há
salário capaz de me fazer assim: feliz. Veja só o arrepio...
Ouço o Frejat cantando “desejo que você tenha a quem Amar e quando
estiver bem cansada exista Amor pra recomeçar, pra recomeçar....” Aí meus
arrepios não param e chego onde estou cantarolando. Danço sozinha e lembro de
não querer ninguém perturbando meu espaço, meu silêncio, meu sono... Quero despossuir.
Vou me surpreender comigo. Posso ter isso e aquilo. Uma coisa não anula a outra.
Não sou obrigada a nada. Posso ser racional e emocional, mas vou deixar o
coração comandar como quando eu era criança e isso me arrepia... Olha aí!
É tão surpreendente ser a gente e eu me poupava, deixava tudo dar em nada,
me acabava, dormia, acordava, trabalhava... Chega de trazer o passado. Você
sente meu arrepio, não sente?! Não é surpreendente quando a gente encontra a
gente sem medo, sem limites, sem se atrapalhar? Vou me encontrar diferente diariamente
e isso não é um plano, não é promessa, é a rotina mais divertida que vou
inventar porque me descobri e logo mais preciso me redescobrir algo
constante... O mundo não vai me amedrontar! Sou um não-lugar!
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