por Rafael Belo
Não há nenhuma certeza. Nenhuma. Quem
garante que a morte é definitiva se atrela a esta necessidade física da lógica
e do palpável. Eu me apego ao desapego, ao impalpável e o que sinto pensa mais
que minha mente. Então, por mais spoiler
vindo do etéreo, do invisível, desta minha conexão com o universal (também sua)
fico flutuando no tal de nada saber. Eu sinto e assim existo completo pronto
para me surpreender. Esta surpresa pode ser pelo silêncio, pela visão das
estrelas, dos cometas, meteoros, planetas, da lua, pela amplitude do céu
noturno, pela esperada reunião de pessoas ou tantas coisas passíveis de serem o
motivo.
À noite o surpreendente acontece
(no meu caso pelo menos) com quase absoluta frequência. Gosto quando o bom
inesperado acontece até porque do mau inesperado ninguém gosta. Uma luz que
junto a sua luz se torna o sol, tem um sabor infinito dissolvido na saliva e até
a um instante era apenas mais uma meia-noite. Mais do mesmo é um ciclo fechado
e precisamos estar abertos para reconhecer as surpresas e, no mesmo tom, as
surpresas nos reconhecerem para o nosso mundo evoluir seguindo girando. Giros como
a certeza de gostar de forró sumir e aparecer em um me chamar, em um chama-me e
um chamamé marcado com o ritmo a dançar a gente.
Neste ritmo corporal flutuamos, nos
permitimos e... Não é surpreendente quando boas coisas nos acontecem
aparentemente de repente? É aparência clara. Há sinais em nós por toda parte
nos indicando da surpresa por vir. Este porvir vem sim com spoiler, mas não é todo nosso ao vivo. Não importam os calos, as
feridas, toda experiência adquirida, não podemos controlar nada além de nós
mesmos. Ainda assim planejamos, ensaiamos, treinamos e há surpresas. Eventualmente
vai acontecer para aquele sabor de infinito dissolvido na saliva vir em explosão
de sabores. Aí, não há disfarces possíveis.
Quando amanhece e a gente ainda
está acordado pulsando, sendo único com a própria surpresa, já podemos ceder a
falta de necessidade de entender. A gente precisa viver. É o que faço. Não contenho
o sorriso, me desfaço se preciso e reviso o que foi dito. A gente precisa
sentir. Assimilando a sempre inspiradora Alice Ruiz: não sentir nada é a
preocupação, é a verdade da existência. Só reagir e não refletir é ser fake news diária só sujeita a manipulação.
Por isso, prefiro arriscar sempre e deixar o surpreendente conversar comigo. O que
você prefere?
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